Aos 9/10 anos... em 26 alunos
O que fazem no computador?
pintar - 1
hi5 - 2
pesquisa (?) - 4
msn - 5
vídeo/música - 16
jogos - 24
O que preferem?
hi5 - 2
msn - 5
vídeo/música - 8
msn - 5
vídeo/música - 8
jogos - 16
Apenas um referiu que joga jogos de Matemática
Apenas um referiu que faz trabalhos (e quando inquirido sobre o que prefere, respondeu: tudo o que escrevi em cima, menos os trabalhos.)
Matemática?
5 adoram
3 gostam bastante
11 apenas gostam (pouco)
6 não gostam
1 detesta
Desafios pela frente. Muitos.
Gostava que aos 9/10 anos tivessem já uma experiência mais variada, criativa e construtora (por oposição a consumidora) com as tecnologias...
Não é opção imaginar que chegariam ao 2.ºC sem lhes ter tocado ou terem sido tocados. Não é possível tapar o Sol com a peneira e fingir que não há tecnologias no mundo e em casa da maioria (conheço crianças que aos 4 anos já estão viciadas em jogos).
A escola, subtraindo da sua equação a tecnologia (como às vezes se sugere) para preservar as crianças e educá-las melhor no domínio do básico (lápis e papel apenas), não impede a construção do perfil aqui desenhado (comum a muitas turmas, acredito). A escola que usa as tecnologias de forma limitada também não. A verdade é que em casa as tecnologias não estão fechadas à chave. Os alunos consomem (muito?) tempo (desde muito cedo?) com a televisão, telemóveis, PSPs e computador, mesmo que a escola se mantenha firme no propósito da distância a essa realidade (intencionalmente, ou por outras razões). Mesmo que os pais procurem impor regras na gestão das horas...
Vive-se um tempo diferente. E é preciso aprender a lidar com ele sem o discurso de que "antigamente é que era bom" e que a escola tem mais é que fazer "o que se fazia antes" pois isso resolvia tudo! Experimentem... :)
Tem de existir um equilíbrio algures.
As tecnologias não podem ser tudo, claro. Nem devem sê-lo. Mas estão aí, quer se queira ou não. E não foram as crianças de hoje a inventá-las e disponibilizá-las... foram as crianças de ontem, hoje seus pais e avós.
Deixadas ao acaso, estão cada vez mais omnipresentes na vida das crianças e muitas vezes (vezes demais?) com pouco critério e pouca mediação ou procura de enriquecimento através delas (alternativas e desafios propostos pelo adulto em processos de formação intencional/informal - em casa ou na escola...).
É com esta geração que temos de trabalhar e de ano para ano o perfil altera-se... ganham as tecnologias de forma desconexa, perde uma certa forma de saber que podia ser construída(o) com a sua ajuda. É preciso garantir que a mediação comece mais cedo... Fingir que estas crianças podem ser revertidas a um estado larvar equivalente ao nosso, há umas dezenas de anos, apenas usando os métodos da altura, é não conhecer a vida no que ela tem de mais rico: a evolução. É acreditar que as crianças são seres de barro moldáveis ao jeitinho dos adultos escultores que, por um lado, criam um universo de encantos e, depois, conseguem impedir as crianças de se deslumbrar com ele e obrigá-las a ser quem já não podem ser (nunca mais).
Mais uma vez tentarei oferecer alternativas (em paralelo com o trabalho mais conservador e clássico): programação (Scratch), apresentações - powerpoint (construídas por eles), geometria dinâmica, arte, excel, blogues, rentabilizar o uso do quadro interactivo (de um ponto de vista construcionista)... outras ferramentas de construção (nas mãos deles)... e recuperar/fortalecer a ligação difícil que continua a constatar-se entre as crianças e a Matemática... mesmo aquelas com boas oportunidades de acesso ao conhecimento (todos com computador e a esmagadora maioria com internet, neste contexto médio/alto).
Note-se: isto não é lamúria. É constatação da realidade que se apresenta ao nosso ofício. E, ou estou do lado da solução, ou do problema.
Diagnóstico começado, arregaço as mangas e parto em busca de respostas, mais uma vez. Como sempre. E o que quero é que aprendam a amar também o papel, o lápis, os livros, a leitura, a escrita, o pensamento, os recursos de comunicação no mundo... e que compreendam na pele, de forma duradoura, que as tecnologias podem ajudar-nos a ir mais longe nesse amor pela aprendizagem, pela cultura do rigor, da exigência e da excelência.
(Soluções sempre precárias e temporais, pois a mudança já deixou de ser lenta há muito muito tempo... A ver se na próxima legislatura o professor passa a ser tratado como o necessário criativo inventor de caminhos, que precisa de tempo de qualidade, momentos de encontro e de reflexão, em vez do funcionário que preenche impressos e gasta os minutos de forma absolutamente acessória com tudo aquilo que não tem interesse nem serve as crianças de quem cuida...)
2 comentários:
Excelente reflexão, Teresa. Obrigada pela(s) partilha(s).
Obrigada pela visita e palavras... São questões que me preocupam recorrentemente... de vez em quando lá regresso... :)
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