quinta-feira, janeiro 07, 2010

Das coisas do crescer, das asas e das conquistas...

Notícias Scratch no outro recanto

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Tarde acelerada depois de mais uma aula de Matemática imprópria para cardíacos... onde até corrigimos o manual (que tem erros, pois... e não são gralhas...)... cheia de bolas de cristal (pequenas viagens ao futuro, onde entrevemos/iniciamos a aprendizagem de coisas que iremos aprofundar mais tarde... é uma tradição que continuo a manter para os mais variados conteúdos, fazendo conexões a todo o momento... e funciona...)

A doce Bia disse-me que foi a aula de que mais gostou desde o princípio do ano (nem sei como... foi densa, exigente... super messy como aprender é na vida... e comigo, confesso... )

... Ela tinha assim uns receiozinhos a modo que enormes... mas é batalhadora e cada vez se explica melhor e partilha melhor os seus pensamentos.
Hoje, depois de um pequeno problema onde se pedia que identificassem mentalmente o sólido que era possível construir com 6 pauzinhos do mesmo tamanho (e plasticina nos vértices), saíu-se com esta explicação: Oh professora... eu quando ouvi 6 pensei logo assim numa pirâmide hexagonal na minha cabeça, mas depois continuei a pensar e percebi que no meu pensamento se era hexagonal tinha 6 arestas em baixo na base e depois tinha de ter outras 6 arestas para cima até ao vértice lá de cima o que dava 12 e então.... pensei... se são só 6 pauzinhos.... dividi por dois e percebi que tinha de ter três pauzinhos em baixo e três para cima e isso era uma pirâmide triangular! Disse tudo isto de rompante com as faces sardentas muito rosadas e os olhinhos muito brilhantes e polvilhados de sorrisos...
Oh Bia! Foi o cérebro viradinho do avesso 'mailindo' que já vi este ano!!! É que não é nada fácil vocês explicarem bem o que vos passa na cabeça... embora isso seja muito importante e vos ajude muito... que é pensar sobre o vosso pensamento e ser capaz de corrigir erros mesmo antes de os dar... Estás a crescer tanto! Logo tu que não gostavas lá muito disto...
Pois... mas parece que me estou assim a habituar cada vez mais a isto e a gostar... :)


Hoje, para além de um TPC obrigatório... seguiu um "TPC bola de cristal para alunos aventureiros..." lá na parte 3 do Manual...
Para quem é? Perguntaram.
Não sei. Há por aí um ou outro que eu já sei que gosta de se aventurar... mas vocês é que sabem se têm coragem para se aventurar em páginas lá da frente relacionadas com coisas de que falámos hoje.
Eu quero ser aventureiro! Eu também!
Podem ser aventureiros os que quiserem... Logo me contam!

Diz o Ricardo: eu não costumo ser lá muito aventureiro, mas hoje quero ser... acho que até vou já fazer logo à noite esse TPC! (E até no Scratch time se aventurou: aprendeu - com o Rodrigo - em poucos minutos a ler fracções só para fazer um projecto que ensina como se faz essa leitura... Tudo começou com um pedido no arranque da sessão do Clube: Oh professora, dê-me um desafio para fazer!)

No final da aula a Bia e mais algumas princesas foram ficando comigo de pergunta em pergunta e escrevinhando no quadro nos dez minutos de intervalo. É o nosso ritual das quintas. O tempo passa sempre tão depressa quando estamos juntos, que precisamos sempre de mais um bocadinho!
Tocou para a entrada novamente e nós ainda na sala! Tudo a correr! Temos de ir para o Clube!!!!




Mas não foi apenas a tarde...

Antes das 8 da manhã já avançava para Setúbal para acompanhar mais algumas aulas de 2º Ciclo no Bairro das Mil Gaivotas... Manhã toda. Ver finalmente muitos dos meninos muito muito grandes de 5º ano, da turma "alternativa", a trabalhar com empenho na proposta que lhes foi feita, compensa todos os cansaços. Não podemos esperar ou exigir menos deles... É possível, por vezes, fazê-los sentir o prazer e conforto de conquistas do intelecto sem ter de as adaptar e até conseguir arrancá-los aos poucos das poses de provocação ou desconcentração com que se exibem uns para os outros e nas quais se habituaram a viver enclausurados. Um saíu logo no início por ter sido profundamente incorrecto com a professora. Arrependeu-se porque tentou entrar duas vezes na sala pedindo para ser desculpado e trabalhar com os outros. Não merecia e felizmente a Professora não cedeu (já foi perdoado outras vezes e a situação tem-se agravado) e pelo menos um bocadinho de lição deve ter ficado dentro dele desta vez. Dois deles chegaram apenas no final da aula: então Dário, perguntei, tive saudades tuas e das tuas respostas! Tive de ficar a tomar conta da minha mãe que está doente. E tu Carminda? Não te conhecia ainda! Eu fui levar as minhas manas todas às escolas delas...

No Bairro das Mil Gaivotas há alguns meninos a quem cortam cedo as asas...





Balanço feito:
dia longo, mas um bom dia.

4 comentários:

Hugo Correia disse...

Um dia longo, mas ainda com tempo para o partilhar.

Teresa Martinho Marques disse...

A razão deve ser esta que aqui referi há tempos...
http://tempodeteia.blogspot.com/2008/04/perishable-art.html

The classroom is like perishable art. It has an evanescence that makes it, for me at last, energizing and joyful, but also bittersweet, because the events are impossible to hold in time as a complete entity. Being a teacher-researcher, however, has given me some capacity to grab onto fragments of life that is streaming by me.

Karen Gallas
(citada em The Art of Classroom Inquiry, de Ruth Hubbard e Brenda Power)

Herr Macintosh disse...

Os manuais não têm erros, apenas inconsistências científicas (se tivessem erros estes teriam sido detectados pelas editoras que têm especialistas para estas coisas, verdade?). Quando olho para os manuais encontro sempre montes de coisas erradas (não necessariamente erros científicos), nomeadamente a mania de os manuais de História colocarem as imagens e documentos numa página separada do corpo do texto. Alguém nas editoras devia ler umas coisas sobre psicologia cognitiva e design gráfico e coisas assim. Mas talvez isso fosse pedir muito - esta maneira de "encher chouriços" é muito mais fácil :-) .

Teresa Martinho Marques disse...

:) :) :)