... e estou rodeada de papéis por todos os lados.
Para além dos inúteis (de que não me apetece falar), muitos deles são as leituras necessárias, as referências cruzadas, as maravilhas de espíritos pensantes, espíritos activamente desejando saber mais e partilhando o que já aprenderam com os outros.
Quando finalmente acabar a tese, vou deliciar-me com a leitura mais serena de muitas coisas boas que me têm passado pelas mãos. Aí sim... far-se-á luz e eu direi: ai se eu tivesse visto isto... ai que agora é que eu percebi mesmo!... ai por que não disse isto?... ai que eu sabia tão pouco... ai que isto era exactamente o que precisava ali... e direi sobretudo... ai que bem me sabe caminhar, aprender, crescer... se isso me tornar melhor para alunos e pares...
Dói-me a realidade da necessária imperfeição depois de um trabalho concluído. Custa-me largar uma frase que sinto ainda ser uma criança. Um texto que ainda não está vermelho, macio e perfumado... Mas, aos poucos, terei de me habituar a conviver com a ideia de que um dia tenho mesmo de escrever a palavra fim no fim, custe o que custar. E que não poderei demorar uma eternidade a fazê-lo.
Tem sido a parte mais difícil.
O receio de não conseguir contar a história como ela merece, de ser banal, de não conseguir ler o suficiente para a aninhar como deveria e de ter de a partilhar antes de a deixar no barril do tempo a aperfeiçoar sabores e aromas.
Mas crescer também é isso:
aprender que o tempo é finito e que algumas coisas são como são.
(Verdades tontas, verdades simples, talvez por isso... verdades muito verdadeiras.)
Recordação
Há 5 anos
2 comentários:
Tempo finito, saber precário e conjectural. Saber isso, naturalmente e placidamente sentada a olhar o jardim
Não há melhor maneira para descobrir o que é simples... :)
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