... falar de afogamento.
Estava a contar o número de reuniões por cabeça... a improvável produtividade, a provável improdutividade de tudo isto a tempo de iniciar aulas sem nada de novo para oferecer, perdidos que andamos sob toneladas de coisas à superfície. (Afogo-me muito com o superficial de corrida e de rajada...)
Mas é preciso papéis a provar que trabalhamos muito. Que gastamos muito tempo a fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mesmo que muitas das coisas não tenham qualquer ligação directa com o sucesso dos alunos. É mais a inspecção, a avaliação, os papéis no sítio, tudo arrumadinho em dossiers e armários como manda(m) a(s) (mais de mil) lei(s). Diagnóstico, prognóstico, estatística, previsão, créditos e formação, plano, relatório, conclusão, uniformização, actas, comprovativos, objectivos, aprovações, condenações, inspecções, aflições.
Eu ia falar de rigor.
Mas era do rigor da criação. Do rigor da invenção, da emoção que deveria ser o néctar profundo das coisas. Da leitura, da partilha, do mar azul e transparente que nos faz crescer.
Eu ia falar de amor.
Daquele que não precisa de contrato para provar que é verdadeiro.
Pois...
Saí do aconchego (debaixo d'água) há quase 46 anos, porque precisava de respirar.
Mas, às vezes, aqui à superfície falta-me o ar...
E... agora...
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
8 comentários:
Olá 3za,
No blog da Maria do Carmo Avó Pirueta, num comentário o amigo dela Jorge Bastos Malheiro fez a tradução do poema da canção "ARIA" da Giana Nannini.
eu gosto muito , mas não percebia nada da letra. Agora com a tradução é outra coisa. envio-te é como um pouco de ar
AR
Sabes
Nascem assim
Fábulas que eu quereria
Dentro de todos os meus sonhos
E recontá-las-ei
Para voar em paraísos que não tenho
E não é fácil ficar sem fadas para raptar
E não é fácil brincar se tu faltas
Ar, como é doce no ar
Deslizar para fora da minha vida
Ar, respira-me em silêncio
Não me digas adeus mas soergue o mundo
Sim
Leva-me contigo
Entre os mistérios dos anjos
E sorrisos dos demónios
E ali transformarei
Em brilhantes de luz terna
E conseguirei sempre fugir dentro de cores a descobrir
E conseguirei ouvir ainda aquela música
Ar, como é doce no ar
Deslizar para fora da minha vida
Ar, respira-me em silêncio
Não me digas adeus mas soergue o mundo
Ar, abraça-me
Voarei
Ar, voltarei no ar
Que me leva da minha vida
Ar, abandonar-me-ei no ar
Ar, como é doce no ar
Deslizar para fora da minha vida
Ar, abandonar-me-ei no ar.
Aqui tens o video do youtube
http://todosdiassaodias.blogspot.com/2008/05/aria.html
Olá Teresa!
Conheço-te pelo blog há alguns anos! Sou teu visitante há muito. Um admirador que adora vasculhar essa tua alma de tecelã... O texto que hoje escreveste é o retrato fidelíssimo do que sinto neste início de ano em andamos atafulhados num monte de coisa nenhuma! Citei este teu texto na íntegra no meu blog!
Um abraço
António
Creio, contudo, que te habita a sabedoria dos gatos.
Vale-nos a poesia Luís, a nossa solidariedade, António e... a nossa sabedoria (que roubamos realmente aos gatos), JMA... :)
Belíssimo texto, miga, como aliás é tudo que escreves, não só porque te sai da alma mas porque sabes escrevê-los.
Vai ao meu blog. Tens lá uma coisa para ti.
Beijinho
Obrigada Teresa... já fui... mimas-me tanto! Mil beijinhos
Agora, aos 46 ainda continuas a querer respirar, isso é que faz de ti a pessoa que és! Bom ano!
~CC~
POis... :)
Obrigada!
Bom ano para ti também
e Beijinhos
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