quarta-feira, novembro 25, 2009

DIVA: das teias, das memórias, dos reencontros...

Ainda os Diva... por conta de um mistério curioso (feito de coincidências várias)... finalmente esclarecido.

Dizia eu há tempos, numa entrada da teia, que estabelecera contacto, no Facebook, com o Tó Freire e o Pedro Solaris dos Diva... mas não contei que o Pedro me agradecera a autoria de um poema (Raiva e Saudade) que foi a letra de uma das primeiras duas canções editadas pela banda já com o nome DIVA... no single de estreia.

A história vem contada aqui... e realmente aparece o meu nome (apenas com o apelido Martinho). O título do poema dizia-me muito... e só podia ser de uma época anterior aos 22 anos... ou então alguma confusão de identidades e outra Teresa Martinho escrevia poesia por essas alturas. Mas como havia o poema ido parar às mãos deles? Lembro-me de, adolescente, escrever em folhas soltas e partilhar poesia com amigos (poemas de que hoje não tenho registo), mas não conseguia precisar a época. Também se fala de um erro na designação das canções...e separação das palavras Raiva e Saudade nos dois lados do vinil e na capa... (atribuindo-se a minha autoria da letra em ambas, quando a faixa A era apenas dos Diva - letra de Pedro Solaris - e o nome da canção era "Chuva" - podem escutar uma conversão digital, com saltinhos nos "riscos do vinil", num espaço criado por um fã dos Diva)...









Há alguns dias, depois de trocar algumas palavras com o Pedro S. no Facebook, percebi finalmente. Ele pertencia ao meu núcleo de colegas/amigos lá pelos meus dezassete/dezoito anos (na altura em que fiz o antigo 12º ano - propedêutico/entrada na Faculdade) e embora não se lembre de que forma o poema lhe foi parar às mãos, sabe de certeza que é meu... Só algum tempo depois de me adicionar no Facebook descobriu quem eu era (por conta de uma fotografia que lhe permitiu situar-me como ex-colega)... e só depois de fazer essa descoberta referiu o poema perdido no tempo, que foi mote para uma das suas primeiras composições para os Diva. Não soube dele por 30 anos (o nome Pedro Solaris é nome de guerra na música... do outro nome recordei-me eu quando conjecturava sobre o caminho do poema e lhe perguntei se se lembrava de alguém com o nome tal tal de um amigo que tocava guitarra e fazia música, que eu tinha uma vaga ideia de ter estado ligado ao início dos DIVA. O Pedro respondeu-me: eu sou essa pessoa!)...


Puxado o fio... começámos na família em busca do single perdido que agora eu me lembro de ter tido na mão. Uma das minhas irmãs recordava-se perfeitamente da história. E acabámos por encontrá-lo perdido entre os vinis antigos que nunca se foram embora, distribuídos entre Lisboa e Sta Cruz. Estava em Sta Cruz e finalmente recuperei a letra/poema de que não me lembrava. Estamos a tentar encontrar alguém que converta o som para digital (não está a ser fácil) para me poder recordar da música por inteiro... Claro que esta estória vem acompanhada com uma imagens do single a atestar da veracidade desta história meio mágica feita de coincidências estranhas, só permitidas pelo universo digital das redes sociais. (Obrigada, mana Lena, por esse processo arqueológico de escavar e recuperar o passado trazendo-o até ao futuro dele, que é este nosso presente!) .

E, sim, no final da minha adolescência, entre os 17 e os 18 (há 30 anos!), a minha poesia era diferente...

Ah! "A gente"... não era com significado "nós"... era mesmo a " a gente" as in "as pessoas anónimas"... no fundo "a gente" era "eu" (quem sabe talvez fosse afinal o "nós")... provavelmente a chorar (metaforicamente) de raiva e saudade... amor (adolescente) interrompido ?... Ou talvez só palavras costuradas ao jeito que me apetecia na altura... já que a minha rebeldia no dia a dia era nenhuma, mas gostava de a esgrimir na escrita... (libertação?)


RAIVA E SAUDADE

Que cara é que o sonho tem diz-me
O sonho não tem cara nenhuma
O sonho nunca teve cara nenhuma
O sonho só tem fogo para subir sangue
Onde dizem existir ódio

(refrão)
A gente também fica velha
Mas não é na cara
É na raiva é na saudade

Que cara é que a gente tem diz-me
A gente não tem cara nenhuma
A gente nunca teve cara nenhuma
A gente só tem fogo para subir sangue
onde dizem existir ódio

(refrão)
A gente também fica velha
Mas não é na cara
É na raiva é na saudade

1985


Como diz o Pedro (e cito-o sem lhe pedir autorização, porque sei que ele não se vai zangar): ... É giro este reviver... é giro falar destas coisas ao fim de tanto tempo... é giro olhar para estas coisas como se elas não fossem nossas... o tempo que já passou... a memória que começa a falhar...




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(...) ao mesmo tempo que três dos seus componentes, Diamante, Vitorino e Marques (agora nos teclados), decidem fundar um novo projecto, para o qual recrutaram, também, Natália (Tuxa) Casanova (voz) e Pedro Solaris (guitarra), amigos comuns que costumavam frequentar os ensaios dos Odisseia Latina com regularidade. Optando pela designação de Diva e os Gangsters (do filme homónimo de Beneix), gravam uma demo, tendo como objectivo imediato a participação no Segundo Concurso de Música Moderna do Rock Rendez-Vous, acabando, contudo, por não concorrer. Em vez disso, decidem-se por mostrar a maquete à Metro-Som, que se presta a gravar-lhes um single, propondo, ao mesmo tempo, que o grupo se fique, apenas, pela designação de Diva. Sob a batuta de Manuel Cardoso (Frodo/Tantra), que também contribuirá com uma segunda guitarra, vão, então, gravar o seu disco de estreia, composto pelos temas “Chuva” e “Raiva e Saudade”. Possuidor de uma sonoridade pós-punk de tonalidades “dark” (por vezes lembrando uns Breathless), o registo vai ter a colaboração de Teresa Martinho (letra de “Raiva e Saudade”) e do já citado João Calado (vocalizações em “Saudade e Raiva”). Entretanto, dão o seu primeiro concerto ao vivo. Povoada de dificuldades e peripécias, entre as quais a errónea indicação dos temas (aparecendo como “Raiva” e “Saudade”) e a deficiente prensagem de um terço dos exemplares (foram feitas 1500 cópias), o disco acaba por passar desapercebido do grande público, devido à má promoção. Mesmo assim, consegue apresentá-los como proposta de qualidade e um valor sólido a seguir com atenção. (ler tudo AQUI)

3 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez se conclui que a vida é (muito) feita de acasos...
Bjinho, P

Teresa Martinho Marques disse...

E o digital permite juntar as peças dos mistérios... :)

JMA disse...

Pois é.