sexta-feira, julho 10, 2009

Second life - a voz da Mei (ou Teresa, ou Mei, não importa)

Revista Sábado
Destaques » Dossiê: Second Life

Crónica

Será que tenho mesmo duas vidas?
Por: Mei Nemeth
(a nossa Teresinha do Talvez uma Península)

6 JULHO 2009

Posso sempre partir do nada, ou do pouco que me reste e recomeçar a minha vida no SL. A minha vida RL (Real Life, para quem não está habituado a estas terminologias).
Em dois anos e meio de SL já vivi tantas aventuras, sim, porque o SL é uma aventura, que nem as consigo enumerar. Já voei no meu cavalo Yashmin, já passeei pelo fundo dos oceanos, já entrei em lutas de almofadas, já viajei por um túnel de luz dentro de uma chávena, já construí objectos, casas, já tive uma quinta com um lagar de vinho, já vivi na Torre do Poeta, de A Fada Oriana*, já fui a cozinheira Gertrudes de A Noite de Natal*, já li poesia, já fui a festas e dancei que nem uma cinderela, já desbravei tanta coisa do meu íntimo imaginário e, a verdade é que, apesar de tudo aquilo que aprendi e vivi, continuo a mesma pessoa que sempre fui, os meus sonhos continuam os mesmos e o mapa do SL cada vez maior, chamando-me, pés assentes na terra, para as aventuras e os projectos que vão crescendo dentro de mim, Teresa ou Mei, não importa. Porque nós somos só uma, únicas no ser, diferentes apenas nos comportamentos sociais. (Já imaginaram uma luta de almofadas no meu local de trabalho, que é público? Ou uma festa tipo anos 60 onde, pelo ar, só ‘explodem’ folhas de cannabis e a polícia não vem?)
Bolas para a RL, às vezes. Quero ser mal comportada quando me apetece, quero vestir o que me apetece, quero ir às compras e gastar os meus lindens todos, quero provocar, quero ser provocada, quero que me digam como sou bonita, quero clicar numa Land Mark e, pronto! Estou do outro lado do mundo.
Quero visitar museus que não posso ver na RL, quero assistir a conferências, quero viajar num simulador de tempo, quero voar e estatelar-me no chão permanecendo, contudo, imaculada.
Quero ser aquela que não fui, que ainda poderá ser, sem deixar de ser quem sou. Num mundo onde as cumplicidades se desenvolvem e solidificam.
- Migo, dás um colinho? – perguntei um dia destes a um avatar da minha lista. E o ‘migo’ deu um colinho de palavras e era como se eu estivesse a ouvi-lo, a vê-lo e a nossa confiança saiu reforçada.
No Second Life não se constroem apenas edifícios e ambientes fantásticos. Também se pode construir uma amizade. Obrigada Rocky, obrigada Nyne, ou Salva, ou Tita, ou Sam, ou Reviriato, ou Ubit, ou Marina, ou Archie, ou Jazz, ou Zav, ou todos aqueles que não cabem aqui mas que, embora habitantes virtuais desse mundo novo, fazem parte da vida que eu vivo, bem real, pés assentes no chão.

*obras de Sophia de Mello Breyner

Fonte... AQUI

3 comentários:

Teresa Lobato disse...

És uma querida, já to disse!
Claro que podes dizer quem sou!
Aliás, estou a assumi-lo.

Abração!
13A

Vocas disse...

E uma festa anos 60 pela nossa tertúlia adormecida?...

Teresa Martinho Marques disse...

Virtual eh eh eh? Ou estás mesmo a falar em coisa real? Mais simples um jantarzinho out para matar saudade... ninguém lava a louça... :)