Impõe-se uma breve reflexão.
A máquina grande regressou a casa e ainda não a larguei de vista, nem da mão.
Espreitá-la em todos os cantos a ver se é a mesma, se vem ferida, se a trataram bem.
Já gravei voz, já ouvi um CD, testei as 5 colunas, já fui ao Youtube, já agarrei na guitarra, já desesperei (e desespero) por não me lembrar mais como se põe o meu teclado midi Roland a funcionar (não sei o que estou a fazer mal... hei-de pedir ajuda). Já imprimi (tenho de testar o scanner), gosto de olhar para a imagem enorme do monitor plano, pareço uma criança a quem devolveram o brinquedo favorito perdido e depois achado.
Ora eu não sou uma nativa digital. Não sou. Tenho idade a mais para almejar a uma nacionalidade herdada à nascença. Só tive televisão em casa pela primeira vez no dia em que o Homem foi à Lua, porque o Pai é um cientista (físico) e não resistiu à tentação de assistir com os próprios olhos a esse momento memorável. Tinha na altura 6 anos, fiquei colada ao écran, e a vida nunca mais foi a mesma. Nem as noites.
Nem a Lua.
Pela primeira vez tive a certeza absoluta de que nenhum sonho estava fora de mão. E que podia coleccionar todos os que desejasse, porque era assim que iam crescendo as asas para voar mais longe.
Até posso deixar ir a máquina grande por uns tempos sem me desconectar do mundo, refazendo as linhas através do portátil (é estranha a sensação, mas faz-me falta essa ligação fácil à mão de semear). Cada vez mais lento para tudo o que quero fazer ao mesmo tempo, desconfigurando os blogues favoritos, som de qualidade duvidosa, incapaz de me permitir acções mais elaboradas como as que posso desenvolver com a outra máquina, satisfaz apenas as necessidades básicas mas fica fome e sede de outras coisas multimédia com maior imponência...
Vocês sabem... eu gosto de livros, de poesia, de papel e caneta, de jardins, borboletas e rosas, de praia, de muitas coisas não digitais, mas o digital é cada vez mais como se fosse outra flor do jardim que também me faz muita falta, nos momentos em que as outras coisas não me fazem falta nenhuma.
Mais falta do que eu gostaria de admitir. Mas admito que muita.
Espreitem a minha mala... o omnia, o nokia N810 (emparelhado com um telemóvel velho) que funciona como um mini-computador sempre ligado ao mundo, até na praia, o sony pequenininho (música e até videos youtube), uma ou duas pens, a banda-larga, às vezes o eee-asus mini... e percebem como fui contaminada sem remédio, sem culpa e com assumido prazer.
Sou, como muitos da nossa geração, apenas uma emigrande digital (menos tardia que alguns, pois arrojei pelos anos 80 explorações com máquinas que o tempo esqueceu - era já o vírus a atacar - e nunca mais as larguei.)
Esta saudade da máquina grande fez-me pensar.
O melhor dos dois mundos convive em mim sem conflito.
Uma metamorfose inevitável fez de mim um ser híbrido.
Confesso sem qualquer pudor: estou claramente, inequivocamente, em processo acelerado de aquisição da nacionalidade.
(Dupla)
Votos de Boas Festas
Há 5 anos
5 comentários:
Creio que te percebo... perfeitamente ;))
Também te percebo, apesar de só ter computador grande (já tive um portátil, mas morreu de velhice). Se se avaria, o meu técnico e também amigo leva-o mas deixa-me outro, pois já sabe em que estado fico sem computador. :)
Reparações na FNAC? Nem pensar! Os meus computadores nunca foram comprados prontinhos, foram sempre montados com o que eu queria na altura.
Beijinhos
:) A máquina grande não foi comprada inteira... é mantinha de retalhos... foi também montada "às peças" escolhidas por mim... só que na FNAC...
Mas desta vez parece que vem bem... e o técnico empenhou-se "com carinho"...
Tenho de arranjar um amigo desses, Isabel............... (emprestas?)
Ai Miguel... pois... nada a fazer!
Bons mergulhos para os dois!
Então, a computadeira já funciona... eh! eh!
Pois... yesss!!!!
Enviar um comentário