O E. entrou no 2º Período com um entusiasmo diferente.
Participa activamente, está sempre atento e envolvido, mostra-me com frequência os exercícios que vai fazendo autonomamente em casa, os vestígios do seu estudo, fala da mãe e da forma como o ajuda. Cumpre as tarefas com sorrisos de quem faz conquistas.
Hoje aproveitei um momento a quase sós e fiz-lhe saber que notava, mostrei-lhe como estava contente por o ver assim entregue mas animado, cumprindo sem cor de sacrifício... ele sorriu... e eu ainda perguntei: o que foi que aconteceu? Foi assim alguma decisão para o novo ano?
É que eu e os meus pais fizemos um acordo... nunca mais jogar jogos durante a semana, só ao fim-de-semana e, mesmo assim, professora, eu agora nem ao fim-de-semana tenho jogado...
Não resisti. Pedi-lhe autorização e partilhei com a turma. Explicando que um professor não deve apenas gastar o seu verbo ralhando, chamando a atenção para as coisas menos boas.
A mudança do E. O benefício que ela lhe estava a trazer, o acordo que tinha sido feito com os pais, os momentos de trabalho com a mãe... daí para o desperdício de tempo, horas infindas engolindo mais do que uma novela por dia, jogando sem percepção do tempo... atrofiando a capacidade de agir pelo insistente vício de receber de forma fácil, de se consolar com consolas sem controlo. Dialogámos alguns minutos. Retomámos o trabalho. Às vezes é preciso fazer uma outra matemática, repensar com lógica a vida.
Pais atentos. Lúcidos. Conscientes. A diferença acontece e não é magia.
Pais heróis...também.
(Curiosidade: durante a aula fiquei a saber que um aluno desta turma é filho de um nome sonante do Lisboa-Dakar... algo aconteceu ontem e houve necessidade de fazer vários telefonemas para assegurar que tudo já estava bem... posso professora? Podes, vai lá. Tudo vai correr bem, verás.)
Dou comigo a pensar que o percurso escolar é prova bem mais dura do que aquela. O caminhar nestes terrenos nunca fáceis do crescer. Do educar. Do formar. Em casa. Na escola.
E ontem descubro que um ex-colega de departamento, é afinal o pai da Associação de Pais com quem me escrevi a propósito de iniciativas muito interessantes lançadas por este órgão recém-eleito e que a BE-CRE se prontificou a apoiar. Surpresa e satisfação. Com ele e com o Presidente da Associação de Pais da EB 2,3, reflectimos sobre a possibilidade de juntar esforços das mais variadas formas para fazer chegar mais longe a voz da escola que somos nós todos.
Se é tudo sempre assim tão fácil como parece? Não. Eu sei. Talvez seja sorte minha.
Mas deixem-me saborear este sorriso que, apesar dos dois últimos intensos dias de trabalho (o de ontem teve a duração de 12 horas seguidas, sem almoço pelo meio), sobrou destas trocas especiais que vão estreitando as relações e as teias entre todos.
Bom termo-nos encontrado, dissemo-nos ontem os três, depois de breve e informal reunião em que trocámos o blogger já criado dos Pais de Azeitão pela nova versão blogger e pensámos em estratégias de cooperação futura.
Pais e professores - a intersecção não é um conjunto vazio.
E, tal como o Miguel (que neste momento também é presidente da Associação de Pais de uma das escolas do Agrupamento do 1ºC), muitos professores são também pais, trabalhando activamente na escola em contextos variados.
Regresso ao princípio.
É que eu e os meus pais fizemos um acordo...
Não podemos nem devemos caminhar separados... eles, os pais e nós.
Votos de Boas Festas
Há 5 anos
2 comentários:
É bom senti-los - perto dos seu filhos e, por eles, também perto de nós.
É bom que nos sintam. Na nossa proximidade aos seus filhos - às suas preocupações, aos seus "ser gente".
Nem sempre é fácil; talvez nem sempre seja possível. Mas quando se consegue sentir esta cadeia sem dúvida que todos ficamos a ganhar - professores, pais e a nossa pequena/grande gente - os alunos.
Bjinhos, 3za.
É bem verdade... resta tentar nunca perder a esperança e aproveitar todas as possibilidades...
Beijinhos!
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