segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Borboletas e contágios...

JMA no seu Terrear fez um apelo à partilha do lado mais doce e azul (e verde) desta vida de professor e das escolas.
Tenho prática da coisa boa. Nunca a esqueço aqui na teia por entre os cinzentos que tentam abafar a educação. Enviei o que se segue. E ontem tive o prazer de ver o texto partilhado no Terrear.
Sabem o que senti? Que visão súbita tive?
Que o Correio da Educação havia mudado de endereço e continuava a existir... :)

Não deixem de participar!
...

Quando me apaixonei por borboletas e tinha tempo, partilhei depois com os meus alunos do 5º ano essa paixão e participámos, no ano lectivo que passou, no dia B da Associação Tagis - saída de campo e contagem de espécies observadas.
Há muito que desapareceu da minha vida o tempo lento e doce para criar e observar as minhas borboletas. Tenho pena. Um dia reconhecerão as mil formas de se ser professor, de cultivar fascínios partilháveis que enriquecem o curriculo escolar e a própria escola e devolverão o tempo que lhe roubaram.

O Francisco foi o discípulo mais devotado nesta área (outros alunos foram-no noutras) e já me ultrapassou há muito! (Como deve acontecer com todos os bons discípulos.) Desenvolveu um fascínio grande e aplicou-se no seu aprofundamento.
Visitas ao Lagartagis (a família rendeu-se à sua paixão, passeios pelo campo, construção de um borboletário, criação de um blogue pessoal sobre o tema:
http://borboletasemazeitao.blogspot.com/ , descoberta na internet de pessoas com os mesmos interesses e diálogo com elas http://borboletas-aveiro.blogspot.com/ (curiosamente, este último, que fiquei a conhecer através do Francisco) havia bebido parte da paixão na teia - círculos de sedução e encontro que a 'net tece...
O Francisco escrevia com muitos erros. Muitas vezes corrigi comentários na teia (é visitante assíduo), entradas no seu blogue, escritos que deixava aqui e ali. Conversámos muitas vezes sobre isso. Vamos conversando todos os dias um bocadinho, sempre que podemos. Põe-me ao corrente de tudo o que vai fazendo e descobrindo. Do que planeia fazer. As paixões partilhadas têm outro sabor.
Aos poucos, a sua escrita tem vindo a evoluir. O professor de LP disse-me que os progressos são notórios. É o que dá escrever muito falando daquilo que amamos. Esta é a escola que eu imagino no meu sonho... Cheia de pontes, cheia de tempo para atender verdadeiramente as necessidades de cada um e aproveitar os interesses para construir sobre eles as competências necessárias, com exigência (não prescindo dela nunca...)
Se já é tudo perfeito? Não. O Francisco tem 12 anos, está a crescer (estará sempre) e tem desenvolvido em paralelo outras competências muito importantes. Mas sei bem o que evoluíu desde os textos cheios de erros em todas as palavras, frases sem sentido, inexistência de pontuação. E o que ainda vai crescer. Só passou um ano. E ralho todos os dias por causa da Matemática e ainda dos erros e gralhas no blogue. Ele bem sabe. Há dias disse-me que já estudou e percebeu as expressões numéricas e que está preparado para a próxima avaliação. Acho que a minha exigência não os incomoda, só estimula.
Todos os dias aprendo com ele. Sabe bem mais do que eu agora. Descobre lagartas de várias espécies que recolhe e cria com as plantas adequadas. Tem já crisálidas e mais lagartas a caminho delas. Vai ao Lagartagis frequentemente, fez-se sócio da Tagis e já tem oferecido lagartas e crisálidas a este Borboletário do Jardim Botânico. Hoje falou-me de um programa que passou na RTP2... Pedi que partilhasse e enviou no próprio dia a
ligação para o vídeo.
Só me sinto responsável por uma pequenina semente e alguma água. Porque o resto está dentro dele há muito. Essa curiosidade imensa pelo mundo que o rodeia, esse fascínio pela vida, essas perguntas nos olhos dele. Cruzámo-nos na hora certa e foi só. O resto é mérito dele. Eu vou pela sombra empurrando aqui, amparando acolá. Deixando-o fazer o caminho que escolheu.
E é como ver-me ao espelho. Fui assim. Acho que ainda sou.
Talvez seja isso que contagia quem já tem lá dentro a disponibilidade para o contágio.

E a Escola é, deveria ser, o local de eleição para nos contagiarmos mutuamente com o melhor que temos dentro de nós.

6 comentários:

kiko disse...

Já li e gostei muito mas agora estou com pressa para andar por aquí e depois ir estudar Ciências e Matemática!!!

Teresa Martinho Marques disse...

:) Assim é que é! Vamos lá estudar! Nada de andar aqui a passear na net!!! Bj

kiko disse...

AH!Esquecime, eu tenho 12 anos e não 11, mas não é nada de grave!

kiko disse...

Ah, não é esquecime é esqueci-me!
Não é?

Teresa Martinho Marques disse...

Já corrigi a idade! Esqueço-me que vocês crescem... :)
E sim, Francisco, é esqueci-me! Adorei a correcção. É uma prova do que eu afirmei! Progrides todos os dias!!! Sempre em frente com os teus sonhos! Nunca desistas! Beijinhos

Anónimo disse...

:-) Assim é que é! :-)