O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
(FP) Alberto Caeiro
6 comentários:
não conhecia o teu blog e achei-o formidável!
parabéns!!
Obrigada! Sabe sempre bem sentir que os fiozinhos que vamos espalhando podem prender mais uma... saltapocinhas!... :)
Beijinho
Olá!
Ontem estavamos em sintonia! (",)
Um bom dia para ti!
Já lá fui ver... pensei que estava s afalar do vídeo, afinal era... o poema! Bonita coincidência...
Beijinhos
Mesmo sendo 2ª...
noite boa.
:)
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