domingo, fevereiro 24, 2008

De costas para a janela... mas perto do céu

É como vivem as aves. A maioria.
Por isso me parece bem seguir-lhes o exemplo.

Comecem por ir até à janela. Abri-la. Respirar o ar fresco que vem de fora.
Perceber finalmente que não estão sozinhos. Que há vida para além dos muros de culpa que erguemos à nossa volta. Escutemo-nos uns aos outros. Partilhemos os exemplos, as palavras. O cenário será descrito com maior rigor escutando a visão especial de cada um e construindo a visão plural no encontro de todas.
Se ficares de costas para uma janela, procura ter a certeza de que já estás na rua e não há vedações entre ti e o céu.
Ao tomar consciência de nós, das razões de que se constrói a razão, é mais fácil revelá-la aos outros. A inteligência propaga-se com mais dificuldade do que a ignorância, a prepotência e a arrogância. Mas é infinitamente mais duradoura no tempo e dá bons e perfumados frutos. Porque tem/faz sentido. Porque é dotada de uma lógica simples que se compreende sem precisar do muito gesticular de que necessita o absurdo para se explicar e defender.

Agarremos o momento com consciência cidadã, com consciência cívica.
Ajudemos a propagar a razão, a inteligência, usando todos os meios ao nosso alcance e que se vão abrindo como leque por todo o lado. Somos professores. É essa a nossa missão, sempre foi. Agora a sala de aula está também fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá.
Sejamos exigentes connosco, com os outros. Ajudemos quem ainda não percebeu, a perceber. A reflectir, a conhecer, a crescer.
Faremos um caminho. Um caminho sem chão, elevado. Um caminho de asas. Um caminho de aprendizagem nosso e de todos. Eu acredito que é possível.

Um caminho que abrirá todas as janelas e nos fará chegar longe por ter explicado e defendido o que há de mais essencial dentro da Escola-mãe: o embrião do futuro que desejamos. O melhor dos futuros.

7 comentários:

Pepe Luigi disse...

Gostei deste texto descrito com lucidez e conhecimento de causa.
..."o melhor dos futuros", são sem dúvida o melhor dos frutos gerados
pelas melhores sementes.

Desejo passe um Bom Domingo.

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada Pepe... :)
Cabe-nos agora proteger o ninho, não deixar que as formigas acabem com todas as sementes antes delas terem tempo de germinar...
Abraço

Teresa Martinho Marques disse...

E... um bom Domigo também para o Pepe!

Anónimo disse...

É bom começar o dia vindo aqui buscar um fio de esperança...
Claro que o domingo dos professores nunca é igual ao da maioria dos outros profissionais!
Hoje há uma turma de testes para corrigir e classificar (sem falta), uma série de documentos sobre avaliação de desempenho para ler (talvez), duas fichas de trabalho para elaborar (urgente). E ainda faltam as aulas de amanhã que já estão planeadas mas é preciso confirmar se está tudo em ordem ( livros, cadernos de actividades , computador, fichas de trabalho, canetas, lápis e outros materiais,...)!
E depois é domingo! Queria ter tempo de olhar o sol, a família ...
E eu ? Acho que já não me vejo "ao espelho" há séculos!
Valeu o texto, vale a poesia e a música com que nos dá esperança, da mesma forma que valem as reflexões, a revolta...
A partilha de saberes desta teia é preciosa...
Mesmo que não diga nada, venho aqui visitá-la todos os dias.
Obrigada.
Filomena

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada, Filomena... sinto a vossa presença. Sei.
Apoiando-nos mutuamente os alunos ganham. E eles são o centro... Ganhando eles, ganha o futuro, ganhamos todos.
Força para esse Domingo gémeo do meu... por isso aqui estou em vez de estar noutro lado qualquer.
Abraço

Raul Martins disse...

Olá teresa!...
Hoje vir aqui a este espaço foi o meu docinho para o café... Não vim mais cedo porque os meus filhos andaram comigo a navegar nos Blogs das suas turminhas... e como o tempo voa nestas viagens! Quem mais adorou foi a minha Catarina, a mais novinha, 8 anos, que andou a brincar com o peixinho, a fazer figuras geométricas e leu as histórias do Torrado que por lá estavam... o meu João apreciou mais a turmabê, recordou algumas matérias dos anos anteriores e que ali estavam de uma forma muito criativa...isto ajuda a mostrar aos nossos filhos que o mundo da blogosfera também tem coisas muito bonitas...

Mas, vou ao texto que foi o meu docinho com o café:

Escutemo-nos uns aos outros! É imprescindivel.

Escutemo-nos mesmo sem dizermos palavras! Que bem nos faz escutarmo-nos. Não podemos, nunca, ficar de costas viradas uns para os outros.

Escutemo-nos, nós, nós que amamos a educação e acreditamos que essa é a nossa missão, já que quem nos devia escutar não nos escuta.

Eu também acredito na sala de aula fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá. Sim, de todos nós. Poucos muitos ou muitos poucos. Mas o importante é que estejamos lá...

E que também vamos estando uns com os outros... em teia... agora quando vejo uma teia de aranha lembro-me de si...

Continuação de boas práticas pedagógicas... dentro e fora da aula... no palco da vida... é ai que se joga o futuro de todos.

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada Raul...
Estamos à escuta... estamos. É o que nos salva. :)