Assisti em direto na altura (2007) e lembrava-me bem, a partir do minuto 6:30, das justificações de NC para o insucesso a matemática dos seus alunos na universidade... (a culpa era dos alunos, claro...na esmagadora maioria dos casos - 90% )... e, ainda, referências à má preparação prévia dos alunos... à formação de professores... às culpas das universidades e do inflacionamento de notas... e a necessidade de exames de acesso à carreira de professor para resolver o problema (só da parte científica, claro, deixando a ... coisa ... pedagógica de fora...).
Pois eu cá acho que a canga pedagógica (não queria acreditar, mas escutei da sua boca ontem - minuto 29 http://youtu.be/IbTh-lluBHQ), associada à centífica, faz com que a responsabilidade de conseguir sucesso seja também assumida por mim, professor, para o melhor e para o pior. De nada me serve dizer que os alunos não estudam, ou que estão mal preparados, que a culpa é das famílias, ou da alimentação, ou da televisão, ou dos políticos... Eu e a minha canga pedagógica e científica fazemos parte da equação do sucesso/insucesso (sei bem o que digo ao fim de quase 30 anos de ensino, com muitos sucessos na conquista de alunos para a matemática). E se realmente os professores nem sempre estão bem preparados (e não é só na componente científica) talvez não fosse má ideia ter uma cangazita pedagógica orientadora junto dos programas...
No Ontário (topo de gama do sucesso a matemática nos testes internacionais) não têm esses pruridos de limpeza de canga. http://www.edu.gov.on.ca/eng/curriculum/elementary/math.html e muito tenho aprendido por lá (eles devem usar referências de investigação diferentes daquelas a que NC faz sistematicamente referência). Mas no site do MEC... temos o vazio absoluto... nenhuma canga pedagógica, é verdade, só indicação (orientadora) dos tempos para despachar conteúdos. http://www.dge.mec.pt/index.php?s=noticias¬icia=396
Descubram as diferenças entre um e outro... O link do Ministério da Educação Ontário que partilhei é APENAS para matemática... Pode ser encontrada lá muita canga pedagógica bem útil! E na ausência dela em Portugal é lá e noutros locais que bebo, porque considero que a minha formação pessoal não termina nunca e continuo a precisar de aprender continuamente para ser melhor professora.
Ainda bem que posso emigrar digitalmente para me enriquecer...
Ao recordar as desculpas de NC nesta entrevista, lembrei-me da história do cão a quem um linguista havia ensinado a falar mas que não falava coisa nenhuma: "ensinar eu ensinei, ele é que não aprendeu!"
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P.S. Só mais um contributo para o rigor linguístico. Não entendo, como NC, as orientações pedagógicas como canga (opressão, tirania, domínio). Usei o termo ironicamente, é claro, para glosar a observação inadmissível que fez enquanto Ministro da Educação.
Temos cérebro, temos informação, temos conhecimento... qualquer orientação pedagógica deve ser sempre analisada, filtrada e ajustada a tudo o que sabemos, a cada contexto, a cada momento e época, a cada realidade e à nossa experiência profissional e pessoal. São orientações, não são lei.
Não são, pois, canga. São apoio e fazem falta...
CANGA
(origem obscura)
s. f.
1. Jugo que une os bois de uma junta.
2. Pau que assenta no chinguiço e de que pende a carga levada por dois homens.
3. Instrumento de suplício, de origem chinesa, que contém um orifício para o pescoço do supliciado. = GANGA
4. [Figurado] Opressão, tirania, domínio.
5. Peça de tecido que se enrola à volta da cintura ou do tronco e se usa como peça de vestuário.
(Fonte: Priberam)
Este ano não estou ao serviço de nenhuma escola (para o ano regressarei), pelo que não fui (nem podia ser) convocada para vigiar exames. Declaro que, caso tivesse sido, seria solidária com a causa e faria greve. Sei que os meus alunos e os meus pais me compreenderiam (e às nossas razões) porque me conhecem bem e sabem que a dedicação e empenho à causa da educação é, e sempre foi (independentemente do cargo que ocupe), máxima e completa. Lutar por causas justas é uma extensão dessa dedicação e empenho. Sei bem o que já passei noutros momentos por não ter querido ser cúmplice de decisões da tutela que se provou serem absurdas.
Não foi assim há tanto tempo que fui penalizada por decisões pessoais contra o sistema (http://tempodeteia.blogspot.pt/2009/02/notificacao.html ).
Se fosse hoje, faria tudo outra vez exatamente da mesma maneira (alguém se lembra dos objetivos individuais e do concurso para professor titular? Não entreguei os primeiros nem me candidatei ao segundo e ainda estou aqui, viva e de consciência tranquila). Posso dizer que nos meus quase 30 anos de serviço já fiz mais pela educação deste país do que muitos dos que a tem tutelado e dos que levianamente comentam as ações dos professores de forma ignorante e sem conhecimento de causa. Desculpem a falta de modéstia, mas muitos, pelo país fora, poderão confirmar esta verdade absoluta. E como eu há muitos por aí, que hoje estarão juntos a lutarpela Escola.
Abraço solidário a todos os que hoje vão manter-se firmes por um futuro mais digno na educação, a bem de todos os alunos e deste país que podia ser bem maior do que é...
De há uns meses para cá que, entre as 5 e as 6 da manhã, avistamos uma
ave diferente (dimensão de um melro) com um piar distinto de todos os
outros... Conseguimos vê-lo no alto de um pinheiro dos vizinhos mas,
estando escuro a essa hora, só se percebia que o bico era algo estranho. Há cerca de duas semanas, passou a vir
ao final do dia, quando o sol se está a por, para dormir no referido
pinheiro. Hoje conseguimos fotografá-lo a distância com zoom 30 (foto
sem grande qualidade) e vê-lo a voar (apresentava duas manchas brancas
na base das asas pretas). Pareceu-nos (pelas manchas) que estávamos
novamente na presença de um mainato... embora diferente. Uma breve
pesquisa na 'net (depois de vermos que o que havia de estranho no bico
era uma poupa) confirmou as suspeitas. Desta vez é um Mainato-de-poupa /
Crested Myna, Acridotheres cristatellus e, ao que parece, há uma
colónia para os lados de Oeiras http://campo-e-estirador.blogspot.pt/2011/11/mainato-de-poupa-crested-myna.html
. São aves exóticas e não endógenas da Europa (a sua
presença resulta, aparentemente, de fugas de cativeiro ou de donos que se cansam e os
soltam) Temos ideia de que será um casal... mas não a certeza. Fica o registo de final de dia.
"Onde observar:
A região de Lisboa é, sem dúvida, a melhor zona para procurar esta
espécie exótica, havendo dois locais preferenciais, um de cada lado do
Tejo Lisboa e Vale do Tejo – na margem norte do Tejo, a costa do Estoril, particularmente a zona do Forte de São Julião da Barra, é desde há muitos anos o local do país onde é mais fácil observar este mainá.
Na margem sul, a espécie pode ser vista na zona de Corroios, junto ao
Moinho de Maré – nesta zona as observações são feitas a maior distância,
mas por vezes já aqui foram vistos bandos de algumas dezenas. No
entanto, conhecem-se outras observações na Península de Setúbal,
nomeadamente na zona do Barreiro, em Azeitão e no cabo Espichel." fonte
Aqui
de volta do poster para a conferência em Barcelona (que envolve o traçado da cronologia
do Projeto EduScratch)... dei na internet com estas fotos preciosas de um tempo
mágico de realização de um sonho: o primeiro portal de Scratch fora do
MIT (em Portugal, claro!). Jantar de véspera com o Mitchel Resnick
(celebrando a parceria MIT - SAPO - PT INOV) e depois, no dia seguinte,
apresentação do Portal SAPO Kids e página do Scratch (com a equipa da PT
Inovação que foi responsável por todo o trabalho técnico: Fausto de Carvalho, Fernando Milagaia e Norma Magalhaes
e a minha Turminha GT Scratch... a primeira em Portugal a usar esta
ferramenta... Lembram-se, Miúdos? Agora vocês estão bem mais
crescidos!). Se estou um bocadinho nostálgica? Estou... Este ano
encerrarei um ciclo que foi muito importante na minha vida pessoal e
profissional, mas não me vou despedir porque será impossível não ficar
ligada a este projeto para sempre!
Que mãe deixa de se preocupar com um
filhote, mesmo depois dele já saber andar sozinho? :)