sexta-feira, setembro 30, 2011

sábado, setembro 24, 2011

sábado, setembro 17, 2011

Mitch Resnick: The Role of Making, Tinkering, Remixing in Next-Generation Learning

Mitch Resnick: Making, Tinkering, and Remixing in Learning Innovation from DML Research Hub on Vimeo.




Via José Henrique Portela
(Sugestão feita no facebook)

Gostava de saber...

... mas


Carta aberta ao Ministro da Educação (Magalhães...? )

Caro Nuno

Não nos conhecemos pessoalmente e nem sempre partilhamos das mesmas ideias sobre as coisas. Mas hoje não falarei de nenhuma delas, porque venho apenas fazer um apelo simples e fundamentá-lo. Faço-o em meu nome pessoal, enquanto professora, e não em nome das instituições onde desenvolvo a minha atividade profissional, ou em nome de qualquer outro grupo.

O apelo?
Deixo-o já aqui e voltará a encontrá-lo por entre as razões que o justificam:
"... solicito que seja ponderada com carinho a ideia de continuar o programa Magalhães mas, desta vez, entregando os PCs às escolas..."
Sei que o tempo é pouco... mas talvez queira conhecer as razões que me levam a fazê-lo...

Sou professora de matemática por absoluta vocação. Diria até que por incontrolável amor, já que não é a minha especialidade. Formei-me em Geologia (Ramo Educacional) na FC/UL e batalhei por lá longamente nos anos 80 para me deixarem fazer o estágio no 2.º ciclo (matemática e ciências) e não no 3.º. São idades especialmente mágicas para ensinar e aprender. Também escrevo para crianças (um dos meus livros de poesia está no Plano Nacional de Leitura) e desde os 20 e poucos anos que abracei a causa das TIC na educação (pela mão de Seymour Papert e da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal), sobretudo na exigente área de utilização de linguagens de programação com os mais jovens. Acredito na interligação dos saberes e em contextos que promovam essas ligações.
Ensino exatamente como vivo: com entrega e intensidade (desde 1984).

Nos anos 80, com Timex_s e ZXSpectrum_s (Minerva), já os meus alunos programavam com a linguagem LOGO (crianças desfavorecidas que viviam  vidas difíceis em zonas complicadas da cidade de Setúbal e que aprenderam a amar a matemática  numa escola feita de barracões sem quaisquer condições).
Depois de uma tese de mestrado recente (na FPCE/UL) que quis prática e virada para a sala de aula, em torno do uso da linguagem de programação Scratch (concebida no MIT, onde estive em 2008, para assistir à primeira conferência ScratchMIT e conhecer a equipa com quem colaborei à distância), avancei para nova luta que desse expressão real ao sonho que deixei escrito nas perspetivas de futuro no final dessa tese.

O MIT tem uma plataforma internacional onde todos os programadores colocam os seus projetos. Os meus primeiros alunos utilizaram-na, e à aplicação original, embora sentindo-se um pouco perdidos no universo imenso de produtos e discussões em inglês. Depois de um trabalho conjunto, a PT/SAPO conseguiu os direitos para replicar aqui a plataforma e apresentar uma aplicação gratuita com excelente tradução feita por especialistas (inicialmente trabalhei com a versão em português do Brasil que não nos satisfazia), mas isso não se traduziu, claro, em mais e melhor trabalho nas escolas, mais experiências, porque faltava o essencial: formação e partilha de experiências entre os professores.
E porque os sonhos grandes são teimosos, um dia aconteceu ter oportunidade de falar de tudo isto à Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas (ERTE/PTE - DGIDC) e finalmente ganhar (no ano letivo passado) a confiança do ME (atual MEC) para se avançar com a criação de um portal de educadores ( http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/ ) e iniciar um processo gradual de sensibilização, formação e apoio a projetos, a partir do CCTIC que integro...
Pelo caminho continuei a trabalhar com os meus alunos, que no 5.º ano usam o referencial cartesiano como se estivessem no 7.º, resolvem problemas sem receio, se habituam a ser rigorosos, a explicar raciocínios e até se aventuram no uso de variáveis para, descoberta uma relação matemática e a respetiva fórmula, a incluirem num programa que permite, por exemplo, desenhar um polígono no ecrã, seja qual for o número de lados... O Scratch é muito mais do que isto, é certo... e convoca a integração de outras ferramentas tecnológicas e artesanais e de todos os saberes sem excepção. E pode ser usado com qualquer tipo de alunos, dos que têm mais dificuldades, aos sobredotados e em qualquer área curricular. Não é solução milagrosa. Só consegue atingir todo o seu potencial junto dos alunos com professores mediadores exigentes, preparados e motivados. Não se compadece com desinteresse ou desinvestimento. Obriga-nos a trabalhar a todos e não é uma solução para quem queira investir pouco. Uma carta como a que lhe escrevo hoje não conseguiria contar-lhe tudo o que já vivemos (e podemos e vamos viver) com professores e alunos que se atrevem ao desafio que o Scratch representa.
Ficará para outro dia.

Então por que razão resolvi dirigir-lhe estas palavras? No presente ano letivo o MEC confiou no trabalho que estava a ser desenvolvido pelos Centros de Competência e, embora com cortes que afetarão o seu desempenho, aceitou a continuação destes centros de apoio. Eu sou uma das professoras que faz parte dessa equipa, pela primeira vez com 100% do tempo dedicado à causa. Integro o CCTIC da ESE/IPS. Iniciámos um trabalho intenso no ano que passou, o qual começa a dar frutos em várias frentes (não apenas na matemática), e quando finalmente íamos avançar para experiâncias inovadoras com alunos do 1.º ano em algumas escolas, cujos professores estão motivados para avançar, não temos computadores em número suficiente. Verdade seja dita, numa delas (recentemente construída), nem sequer existe internet nos computadores que os alunos poderiam usar (Biblioteca).
Se a estratégia nacional prévia tivesse sido a de entregar os Magalhães às escolas e não aos alunos (como sempre defendi – com a possibilidade das crianças os poderem requisitar para trabalhar em casa em projetos da escola) não estaríamos agora nesta situação. Sim... sei... alguns pais dizem:  os Magalhães existem e a Escola nunca fez nada com eles. Mas algumas (muitas?) fizeram e querem continuar a fazer... Um exemplo simples: uma professora de uma escola em Aiana/Sesimbra desenvolveu com uma turma de 4.º ano um trabalho interessantíssimo com o Scratch (nos Magalhães) e, agora, a mesma professora vai arrancar com uma turma de pequeninos do 1.º ano, com ideias, com toda a experiência e formação... mas com um só computador para 20 alunos. E há mais escolas/professores nessa situação.
Sei que para o MEC este é um tempo de reavaliação de projetos, de contenção, de cortes. Mas a tecnologia é indispensável quando bem usada, como o são o lápis e o papel (e eu sou, apesar deste discurso, uma professora conservadora que continua a gostar muito do papel e do lápis e da prática compreensiva dos procedimentos, ou mesmo o treino simples – os meus alunos sabem-no bem), e é já parte inseparável da vida dos alunos, para o melhor e para o pior.

Temos obrigação de os ajudar a otimizar a sua utilização, apoiando-os no sentido de os tornar criadores de ideias e conteúdos com as tecnologias, de os fazer crescer cognitivamente acima do esperado para o seu nível etário ou de escolaridade, e não deixá-los ser apenas meros consumidores de música, jogos e comunicação síncrona, quantas vezes sem critério ou efeito educativo mais formal. Se a escola não os ajudar, quem poderá fazê-lo (em muitos casos, infelizmente, a família está pouco presente, ou é pouco conhecedora de alternativas ao consumo desregrado...)?

Por tudo isto, e mais coisas que não cabem aqui (mas me ofereço para esclarecer em qualquer altura), solicito que seja ponderada com carinho a ideia de continuar o programa Magalhães mas, desta vez, entregando os PCs às escolas. Não apenas por causa do Scratch, é claro (e nós socorremo-nos de muito mais ferramentas TIC e não só, quando trabalhamos em programação), mas pela importância absoluta que as tecnologias têm e terão neste século, pela necessidade de ajudar os professores a tirar o melhor partido delas combinando-as com os métodos tradicionais (a ERTE e os CCTIC que coordena têm de cumprir essa missão) e pela urgente necessidade de educar as nossas crianças e os nossos jovens para fazerem um uso mais seguro, racional e enriquecedor de todo o seu potencial.

Obrigada por ter escutado.

Teresa Martinho Marques
EB 2,3 de Azeitão
CCTIC – ESE/IPS EduScratch
http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/
http://projectos.ese.ips.pt/cctic/


 www.tempodeteia.blogspot.com

quinta-feira, setembro 15, 2011

Últimas no portal EduScratch, um pedido e mais coisas...

Últimas notícias...

Estava programada uma sessão informal sexta dia 16 na ESE/IPS com dois colegas da Moita... convidámos a professora de Azeitão (Clube Scratch time - Ana Almeida) que disse sim, a professora Fernanda Ledesma vai juntar-se à festa... hoje a Ana Paula Lamy da Moita pediu para se juntarem mais quatro ou cinco colegas da sua escola motivados para aprender e aplicar... Matemática, Ed. Visual, duas professora Bibliotecárias, um professor de TIC... E a pergunta é: alguém mais se quer juntar a nós e aproveitar? ESE IPS às 14:30 - 16 Set - Sexta... Sessão informal mas muito desejada... O que podemos sonhar de melhor?


Entretanto... decidimos fazer o levantamento de projetos educativos em torno da utilização da ferramenta Scratch... Continuamos a atualizar. Tabela no Google docs e professora Teresa Pombo semeando os locais com detalhes: páginas das escolas e eventuais blogs associados... Algumas histórias bonitas... No estabelecimento prisional de Tires, um professor trabalha com as formandas reclusas (EFA B1) offline, por ser condicionado o acesso à 'net. Tem utilizado e adaptado materiais do portal EduScratch... e isso enche-nos de alegria... Há missões diferentes e a Escola tem muitas cores e formas.

Se conhecem mais algum projeto... digam-nos!

Entretanto o EduScratch cresce em notícias e em visitantes... Basta clicar nas imagens para aceder às últimas notícias completas...

sexta-feira, setembro 09, 2011

Scratch: imaginar, criar... crescer?

Já passaram alguns anos desde que a Alison entrou na minha vida como um relâmpago. Energética, acelerada, determinada... nunca foi minha aluna em sala de aula, mas apareceu no Clube Scratch time perguntando se podia inscrever-se. Tinha 9 anos e acabara de entrar para o 5.º ano.

Nas sessões de formação Scratch para professores, conto sempre a suas história com o Bolt... De como perguntou se era possível "pôr o Bolt a correr"... de como desenhou o cão, pediu à Mãe para digitalizar as imagens e no Clube aprendeu a fazer animações.

No ano que passou fez-nos uma surpresa doce que contei aqui pois, agora já no 8.º ano, resolveu melhorar um pouco a sua primeira versão do Bolt e voltou a publicá-la.

Scratch Project

Nunca deixou de programar com o Scratch. Adora desenhar, adora inventar e contar histórias e os seus projetos têm uma marca muito pessoal que os distinguem de outros. Programar é algo pessoal e revelador da individualidade. Cada um de nós é único e a Escola devia reconhecer essa verdade. Urge usar ferramentas que não uniformizem, que não limitem quem somos nem o que sonhamos.

Partiu para Inglaterra onde continuará a estudar, agora no 9º ano, e acabei de descobrir um projeto seu em Inglês, decerto já publicado a partir da sua nova casa.

Scratch Project



Já o comentei. Precisa de ser melhorado, claro. Algumas legendas são muito rápidas, existem alguns erros na escrita em língua inglesa, mas, desculpem-me os puristas, olho para ele... sigo a história deliciada e consigo ver para além do pormenor o quanto a Ali vai crescendo na sua criatividade, no seu sentido apurado de perspetiva e realização, na sua persistência e determinação.

Muitos dos seus projetos não são complexos do ponto de vista da programação. Este suporta-se no desenho de cenários sequenciais e a programação não é mais do que um conjunto de ordens para que os cenários se sucedam como imaginou, para que contem a história como deseja contá-la. A ferramenta é o meio para lá chegar, é o suporte para as suas ideias, é a forma de chegar facilmente aos outros. Aprende com a programação, claro, sempre... mas muito para além disso opta por usar as TIC ao serviço da criação, da construção, da reinvenção e vai crescendo como ser humano.





As TIC são terreno fértil para a semente de todo o seu potencial criador. Em vez de as usar apenas no consumo do que outros fazem, a Ali, no verdadeiro espírito Web 2.0, é produtora de conteúdos que oferece aos outros de forma simples. O Scratch, por ser tão flexível, permite tudo e estimula esse importante gesto de construir com as TIC. É integrador, aglutinador de outras ferramentas, é simples e complexo, permite avançar na educação matemática de conceitos-chave complexos (mesmo com crianças de tenra idade), permite desenvolver técnicas de comunicação e o domínio da língua materna, promove o desenvolvimento do espírito crítico e do sentido de responsabilidade (não se partilha qualquer coisa com o mundo), ou apenas ser um meio para que a criança ou o jovem expressem outras habilidades e competências que a Escola nem sempre valoriza (infelizmente) reforçando a sua confiança e auto-estima. É um caminho para o currículo formal para as crianças que dele se afastaram, ou cujas dificuldades constituem obstáculo denso. É um caminho para a excelência, no outro extremo, quando as crianças "filhas de um Deus maior" querem mais e a Escola não oferece outros caminhos para além dos da mediania em que vive.

Como sempre, o elemento humano é a coisa-chave. Educamos e formamos pessoas e não podemos desperdiçar uma só ferramenta que nos ajude a torná-los melhores cidadãos deste século. Pode ser o Scratch ou outra qualquer (ele socorre-se de todas e do trabalho sem TIC para se tornar ainda mais rico no seu alcance)... mas desiluda-se quem acreditar que só por mudar os meios e fazer o mesmo nas aulas os milagres acontecem. As TIC são os que as pessoas querem que sejam. Sem professores, sem alunos e sem formas de utilização bem pensadas e com metas adequadas, não produzem melhor educação.

A maioria dos alunos que experienciou o Scratch não se tornará programador, poderão mesmo nunca mais programar, mas crescem e desenvolvem competências variadas de forma consistente que não vão desaparecer do seu currículo interior enquanto pessoas.
Aprender a língua materna não produz por si só escritores... mas desenvolve em nós muito mais do que competências linguísticas. Aprender ciência ou artes não produz necessariamente cientistas ou artistas, mas se o trabalho da escola for bem feito, fazem a diferença no futuro individual e comum.

E os professores que oferecem aos seus alunos experiências variadas com as TIC, numa perspetiva de inovação das formas de ensinar e aprender, também crescem com eles e são muito mais felizes.

Se mais não fosse... já chegava para valer a pena a experiência neste mundo tão cheio de desilusões e tristezas.

Alguém quer começar?
Deixem-se surpreender...

http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/

quinta-feira, setembro 01, 2011

Receita simples e saudável?

É preciso conhecer os ingredientes um a um. Estudar-lhes o potencial, o valor que representam, a forma possível de se ligarem uns aos outros. Indispensável a visão global do final pretendido. Desejável o conhecimento de vários caminhos para lá chegar.


Não prescindir do melhor, não economizar no essencial, planear sem eliminar o espaço para a surpresa, ou a magia, que a química das coisas sabe fazer acontecer com sabores inesperados. Confiar.


Verificar com cuidado os resultados enquanto tudo acontece e no final também... olhando de todos os ângulos, sentindo os aromas, saboreando cada pedaço de flor que nasce devagar, para poder sempre aperfeiçoar o necessário na vez seguinte. Resistir à tentação de fazer toneladas, fazer igual, industrial, copiado. Gostar da palavra grama, da palavra quilo. Menos é mais.


Podia ser a política educativa, podia. A educação, uma aula. A forma como cada um de nós trabalha o mundo à nossa volta. A forma como vivemos cada minuto de vida.
Assustam-me coisas que escuto. Muitos mais exames, muito maiores turmas, muito mais do mesmo sem nunca se falar do que é essencial.

Mas hoje é apenas uma receita de amor sem nome para concentrar num só pedaço denso de quase pão (para corpo e alma) ingredientes que já provaram merecer estar presentes na nossa vida: farinha integral, farelo de aveia, gérmen de trigo, sementes de chia, de linhaça, de sésamo, de girassol, flocos de aveia, sal, leite de soja, lecitina de soja, mirtilos secos, azeite...
Usem a vossa criatividade nas proporções, amassem tudo bem, tendam pedaços grandes, disponham em tabuleiros e cozam-nos no forno durante o tempo necessário ao vosso gosto... Podem congelar-se como pão. (Se preferirem doces... há mel... há frutose... há melaço... há malte... aventurem-se!)
É rápido, é bom e faz bem enquanto se caminha com as mãos pela massa (a paz doce de re_criar re_inventar alimento) e quando finalmente se saboreia.

Talvez muitos políticos devessem aprender a cozinhar com ternura e sapiência antes de exercerem o seu poder sem estratégia, sem conhecimento, ao sabor de nem se sabe bem o quê...