quarta-feira, outubro 01, 2014

do Tulicreme (e de outras coisas)

Quando o corpo fica em estado de "sitius"... caótico, quase parado, apenas capaz de se dedicar (e mal) ao que é essencial, sem energia para o acessório (que também é essencial para que o essencial se cumpra), e não há ninguém perto para cuidar de nós, torno-me (tornamo-nos?) indulgentes. O cansaço (que achamos vai ser infinito) ajuda a decidir que é legítimo colocar na lista das compras o Tulicreme da infância (sim, muito antes da Nutella... e acabei sempre por preferi-lo a esta) e que é aceitável lanchar (confesso que o estou a comer agora) apenas pão com manteiga e açúcar. Na fragilidade deixamos de ter os nossos mais de 50 anos e confortamos a alma através do corpo como fazíamos nos primeiros anos da nossa existência. Tudo é simples e sem culpa. Autoembalamo-nos no colo que somos de nós, quando finalmente crescemos e percebemos que é o único colo com que podemos contar a qualquer hora.
E, passados alguns dias, esquecemos tudo e voltamos aos legumes, à fruta, ao peixe e ao trabalho, com toda a energia do mundo, esquecidos que dentro do nosso corpo adulto mora sempre aquela coisa pequenina e frágil que fomos (somos).


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