segunda-feira, janeiro 21, 2008

0061900622.pdf (mais um) e outras soltas notas

... mas quem anda a contar? (Se existisse uma grelha para avaliar desempenhos políticos, por certo haveria um item do género: um pdf = 1 ponto; de dois a quatro pdf = 2 pontos; de quatro a seis pdf = 3 pontos; mais de seis pdf = 4 pontos... sim, que é preciso ser-se objectivo na avaliação e a quantidade é uma coisa importante...) Ah! Pois! Já me esquecia. É o pdf da prova de acesso à carreira... procurem por aí que encontram. Alguém hoje me perguntava se havia uma maneira de deixar de ser titular... será que na secretaria? Um pedido por escrito?... Pois... Não me parece. Eu cá li as letras miudinhas do contrato antes de assinar. E não assinei. Só pareceu que perdi. Começam alguns a dizer-me que afinal ganhei. Mas isso eu já sabia. Em vez de uma depressão completa, uma náusea inteira, vivo com meia de uma e de outra, apenas fora das aulas... Continuo a ser infantilmente (alguns dirão estupidamente) feliz dentro da sala de aula. Todos os dias acontecem coisas bonitas. Aquelas carinhas, aqueles sorrisos curam-me a alma e o corpo. São a cola que ainda me prende ao tecto da escola. Ai se não fossem vocês e esta paixão antiga... quanto tempo mais? Um amigo dizia: é na resiliência que reside a solução. Eu tento, tento mesmo. Há dias em que sim e outros... outros em que... Até à data tal, objectivos individuais. Espero que seja um formulário para colocar umas cruzes... há palavras que não me apetece escrever. Que não farão de mim melhor professora. Tempo, sim, mais tempo ajudaria. Já repararam que no blogue da turma G me dei ao trabalho de colocar todas as galerias com um link directo? Que lhes deixo mensagens e desafios? Foi no fim-de-semana e... foi uma alegria para eles descobrir os mimos! Assim é mais rápido visitar os amigos! E criei uma galeria para o meu menino diferente, que hoje fez o seu primeiro projecto estruturado. Publicámos logo ali. Projectei. Os colegas aplaudiram. Professora, já viu a minha mensagem? Já viu o meu projecto novo? São vários a perguntar. Já vi, já respondi, já comentei. Os laços fazem-se com tempo. Objectivos individuais? Tenho um: conseguir ter tempo de qualidade para dedicar aos que mais precisam, aos que me pedem ajuda, aos que me escrevem para casa querendo mostrar o que fizeram, aos que... aos que me aparecem nos 45 min de apoio, em teoria pensado para dois... desafio os restantes, nunca tenho menos de 8. Hoje problemas, resolvê-los mentalmente, eles discutindo, pensando em voz alta. Foi tão bom, como é sempre e cedo acaba, porque não há mais. Não pode ser meninos, temos de ir, agora vou ter uma hora de nem sei o quê. Quanto mede o amor? Um ponto? Dois? Quatro? Quem o vê? Penso que ninguém quer saber disso. Ninguém está interessado nisso. É preciso indicadores, provas. Preferível contar qualquer coisa que se veja... Mas eles estão comigo agora, não depois. Não posso adiar o amor para outro século, roubar-lhes um tempo que é seu por direito. Talvez seja isso que me está a confundir mais o espírito, eu, logo eu, com um mar de desimportamento (para o acessório) a afogar-me. Tocou para a entrada... é mais uma aula: estou salva! Aqui respiro. Lá fora há nuvem de monóxido a adormecer as vontades. PDFs? Que os leve o vento. A eles e a tudo o que vai escurecendo a escola.
Mantenho uma vela acesa. O pensamento acordado. Enquanto assim for, fico. Se...
Estou aqui meninos! Vamos começar?
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2 comentários:

Existente Instante disse...

Somos dois, cara colega "Aranhiça".No meio de tanto dislate-disparate, de tanta raiva incontida, de tanto desmando legislativo, de tanta verborreia, de tanto "povo unido jamais será vencido" (com respeito sagrado ao 25), até aqui você é deliciosamente magnífica, serenamente dolorosa (espécie e plantus musical). Não sei porquê, mas o se post lembrou-me onda mansa, depois de alterosa vaga a espraiar-se em areia fina de praia deserta. Ou um lamento lindo de uma Gamba de S. Colombe, não sei! Simplesmente mágico, este texto!

E...é isso, é isso, se calhar a nossa força, o nosso refúgio, a nossa "Salve Regina", isso que os irremedialvemte secos, os eternamente perdidos de ternura, os vazados de vida, sejam eles quem forem, não conseguem perceber: a força de um , dois, dez sorrisos, aqueles bons-dias que só da boca deles para fora, fazem radiar manhãs cinzentas, aqueles, "Prof" ditos com a ternura de algodão em rama, aqueles "fixes" e "yes", saídos lá das profundezas do gostar mesmo, que nos faz gostar ainda mais!

Que sorte do "caraças" que você tem! Que eu tenho! Isto ninguém me tira , ninguém me apaga nos quase trinta anos de carreira. O poder, e as máscaras de poder ou contra-poder passam,Eles, ficam como ferro em brasa em pele dura. As minhas, as suas tatuagens!

O resto...um longo e largo sorriso!
Como posso vislumbrar, algumas dúvidas de desistência no seu post?
Aranhiça, tece,tece, tece, tece, irremedialvente tecedeira de si , na urdidura que vai fazendo nos outros!

Nota-se que é uma Professora , do caraças! (gosto deste calão, que se há-de fazer?!).

É tão bom refazer meus instantes existentes em textos como estes, tão longe da aridez, do matraquear intrusivo que me cansa ouvidos olhar de outros!

"Aranhiça que Tudo Cobiça"...amanhã,o primeiro sorriso DELES, vou reinviá-lo por mail de afectos para si em pensamento. É que gosto deste tipo de correspondência!

Teresa Martinho Marques disse...

... cá recebi os sorrisos na volta do correio! E não é que os meus lhos devolveram? São tão deliciosos que custa a crer, quando saímos da aula, no mundo de disparates exteriores que nos rodeia...
E... se... um dia alguma espécie de desistência... nunca seria para me afastar deles, seria, isso sim, para os reencontrar num outro espaço pleno de sentidos e sem o entulho com que nos atropelam as viagens... :)