Domingo explosivo:
quando decides experimentar uma receita e adaptá-la ligeiramente (bolo de limão e mirtilos, sem glúten), e te esqueces que, por falta de espaço, tinhas uma lata de tomate picado arrumada dentro do forno, bem lá ao fundo...
quando escutas a explosão na cozinha (que provocou um salto em três gatos e fez o teu coração disparar)...
quando lá chegas e tens a porta do forno aberta, tomate por todo o lado (felizmente o bolo nem por isso) e passas a meia hora seguinte a tentar limpar paredes, forno, chão, tabuleiros...
... quando provas o bolo e percebes que a experiência correu bem e que te sacia com uma explosão de sabores bem mais forte do que qualquer explosão de uma triste e esquecida lata de tomate.
Podia ter fotografado o caos, mas fico-me pelo bolinho. Sim, mais perfeição seria possível. Para a próxima tenho de empurrar os mirtilos para o fundo, porque de tão bem envolvidos em fécula de batata para não afundarem (não tinha amido de milho), acabaram a flutuar e concentraram-se no topo.
Moral da história: em educação, são sempre muito mais saborosas, consistentes e perenes as explosões discretas que resultam de um trabalho cuidado e pensado, do que as sazonais que se ouvem à distância, fazem notícia, fazem estragos e dão uma enorme trabalheira a limpar.
Se estiverem interessados na receita, escutei-a na TV e revi-a aqui:
A minha adaptação? Não usei extrato de baunilha (não gosto). Em vez de três colheres de sopa de manteiga, duas de azeite e uma de manteiga. Açúcar de coco em vez de açúcar branco (para a próxima experimento com mel). Leite de soja em vez de leite de vaquinha.
Não precisei de 50 minutos... aos cerca de 35, quando a explosão se deu, o bolo estava pronto!
A minha mistura de farinhas sem glúten é feita previamente. Esta tinha: duas chávenas de farinha de arroz, duas chávenas de farinha de trigo sarraceno, duas chávenas de farinha de aveia, uma chávena de fécula de batata, uma chávena de polvilho doce (fécula de mandioca), uma chávena de linhaça moída e meia chávena de farelo de aveia. Se tiverem um processador de comida, é só atirar tudo para lá, misturar e guardar num frasco. Quando tiverem receitas sem glúten que levem farinha, podem usar essa mistura.
(O hibisco azul foi colhido no jardim)
(O hibisco azul foi colhido no jardim)