segunda-feira, março 31, 2008

Despertar muito suavemente...

... para o dia.


David Oistrakh toca Claire de lune.
Gravado em Paris, 1962. Frida Bauer no piano.

Acordei, ainda era luar no céu, com a memória de sons no peito...
É sempre como da primeira vez... em 1962, Paris, eles...
Em Lisboa eu... já o mundo andava acontecer há tanto tempo...
Sempre uma razão, uma surpresa, um desejo a arrebatar-me, a arrastar-me para acordar outra vez, mais uma vez, e outra, e outra... sempre cedo, sempre sede, que o tempo é sempre tão pouco...

E eu vim viver a minha parte... num tempo que me levou de outro tempo a este tempo de que gosto tanto, porque todo o tempo onde estou é meu, apesar dos cinzentos de que vamos falando. Um tempo que põe quase tudo na minha mão cedo pela manhã. Ou tarde na noite.
Um tempo que me viaja com ele sempre que quero.
Um tempo que continua a ser de emoções, por mais tecnologia que seja inventada, colocada entre os corpos.
Porque no fim somos só nós,
nós e os outros,
nós e a música dos dias
nós e as lembranças
nós e os desejos...

O resto são janelas por onde espreitamos. Por onde também crescemos. E sonhamos. Às vezes encontramos flores raras do outro lado. E se éramos felizes, ficamos ainda mais felizes.
São estas adições, estas multiplicações de sabor que gosto de dividir com os meus alunos. A luz que contagia. Nas subtracções só admito a tristeza. Às divisões chamo Amor. Dádiva.

Deixo em casa os meus castanhos: hoje levo comigo uns olhos verdes para o reencontro... Sinais de doçura que alisam o caminho. Me fazem sentir leve.

(Vou já meninos! Vou já!)

5 comentários:

Anónimo disse...

É excelente Começar o 3º Periodo com tanto entusiasmo e alegria. Assim vais contagiar os teus alunos e vais conseguir tornar este comprido e torbulento ano lectivo no melhor ambiente para o crescer e o aprender, para aproveitarem o melhor que a escola tem para lhes dar, e estimular os alunos a viverem esta fase da vida com muita felicidade. Também é para isto que serve a educação, ajudar os miudos a encontrarem o que os pode tornar realizados e participativos neste mundo.

Parabéns por este bonito texto.
Hoje venho sugerir eu uma leitura. Lê um artigo do Jornal Público caderno P2 31/03/2008 "as últimas vontades Randy Pausch"
É sobre a última aula de um professor que está próximo de morrer. Quando estava a ler lembrei-me logo do teu post sobre os teus sonhos por concretizar. Que grande lição de vida deste senhor.

Teresa Martinho Marques disse...

:)
Obrigada pela sugestão! Fiquei curiosa. Estou já a tratar de conseguir o texto...

Fernando Vasconcelos disse...

E um post com Oistrakh e Frida bauer é absolutamente inspirador.

Cristina Gomes da Silva disse...

Teresa, devo ler-te assim?: depois da tempestade e dos sonhos maus...regressas como sempre e onde sempre estiveste? Que é como quem diz, com os teus alunos e para os teus alunos. Abracinhos

Teresa Martinho Marques disse...

Nunca de lá saí... embora quem visse a luz aqui fosse mais a revolta que a esperança. Agora continuo exactamente na mesma, que a luta não pode abrandar, mas desoculto mais frequentemente, de novo, a escola boa de que pouco já se fala, para se perceber o mal que quem não a conhece lhe faz... Estratégias :)
Beijinhos