segunda-feira, maio 21, 2007

Nos braços de um anjo...

Vou dizer-vos hoje da segunda-feira que imagino como sonho bom.
Sim, que as segundas-feiras, pobres delas, são o dia-pesadelo da semana.
Sim, que eu vivo com os pés meio centímetro acima do chão para ter a certeza que o real não me pesa excessivamente e nem me prende as asas que nasceram comigo e insistem em se ir desembrulhando devagarinho como as da borboleta saída da crisálida.
Às vezes apetecia-me ter umas asas prontinhas a usar, separar-me do chão mais centímetros... mas a natureza é sábia e não me concede voos acima da minha altura...

Portanto, hoje, esta segunda imaginada dispensa reflexões profundas, desassossegos vários, pesos da alma, partilhas úteis, instrumentos de acção.
Preparem-se... mas fiquem sabendo que se lerem tudo até ao fim poderão sofrer efeitos secundários graves e desejar sair voando nos braços de um anjo para qualquer lado longe, abandonando toda e qualquer tarefa em mãos.
Não me responsabilizo, pois, pelos adversos efeitos que esta entrada possa ter sobre os mais sensíveis...

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Primeiro: pôr a música a tocar...
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Depois...


Inventar tempo. Um enredo. Sou princesa e tenho um jardim.
Saio de vestido branco para o verde, que me aguarda queixando-se da minha prolongada ausência.
Descubro as cerejas que se fizeram sozinhas sem a minha atenção e que as aves pouparam para meu prazer.

Recolho uma e sinto um sabor de açúcar vermelho na boca.
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Lá mais à frente o negro aguarda escondido na folhagem. São minhas estas amoras? São. Somos tuas.
O destino cumpre-se. Ramo vazio agora. Apenas as que são promessa lá ficaram.
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Promessa. Gosto de promessas. Promessas de maçã. Tenho tempo, imagino. Esperarei.
Ficarei aqui sentada à espera que se desprendam.
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Mais promessas. Promessas de romã. Tenho tempo. Hoje invento que sim.
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Mais cerejas. Estas sem caminho da polpa à árvore que as prende. Vêm do Japão. Segredam-me. Medo de ficar voando ao vento, por isso assim presas sem pé ao ramo. Como vos entendo. Mas imagino que tenho um pé. Um longo pé. Que mesmo presa ao ramo me movo em todas as direcções. Que tenho tempo para me mover.
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Outra promessa. De borboleta a pousar. Consigo vê-la. Consigo ver tudo hoje. Mesmo o que não é. O que há-de ser, o que não pode ser.

No caminho de regresso... outra cereja acenando. Recordo: fruto preferido. Habituamos-nos a passar pelo tempo sem olhar para nada. Passeio de comboio a dormir sem contar as árvores que deslizam ao contrário da viagem. Hoje não. Páro. Cheiro. Saboreio. Imagino que posso. Que não há mais nada no mundo para fazer. Que não há nenhuma batalha tão urgente que não possa esperar uns minutos, umas horas por mim.

Tempo para me deitar nos braços de um anjo e partir embalada por aí.

Fazer da palavra parar o centro do mundo. Só hoje. Mas também sempre que puder.

É assim, esta segunda-feira... Infinita, enquanto durar.

6 comentários:

Teresa Pombo Pereira disse...

Até a tua prosa é poesia. Linda! Ela e tu! Um abraço e boa semana!

Anónimo disse...

:) Beijinhos e boa semana!

imaz disse...

Disfruta o mais possível de toda essa beleza,desse encanto de jardim, desses sabores e das promessas dos mesmos...
Bjs

Anónimo disse...

Obrigada! Vou tentando disfrutar... beijinhos!

matilde disse...

...ao fim de 2ª feira, deixo um beijinho para animar o resto da semana.
Belas cerejas...
Bela música.
=)

Anónimo disse...

Boa semana!!!! Beijinhos... Está quase a chegar........ o dia!!! Depois tens de ver se consegues marcar um almoço da confraria aí pelos teus lados para se ficar a meio caminho de todos... Era giro! Eu levava comigo a Teresa L...