terça-feira, setembro 23, 2008

Esfoladelas, arranhões, lágrimas e sorrisos...

Apareceram hoje 15 (da minha tal turminha...) para se inscreverem no Clube Scratch time. Entusiasmo grande. Percebi que ainda faltam alguns e para a semana seremos mais.
Aprendemos várias coisas hoje, lá pelo Clube...

A seguir fomos directamente para a aula de Matemática. Conversa muito séria sobre a minha preocupação com eles, sobre a necessidade de criarmos uma estratégia conjunta, para que haja sempre uma mão estendida na direcção de cada um. Formação de grupos de trabalho. Início da correcção em grupo dos exercícios do teste diagnóstico, em jeito de revisão do quinto ano, de aproximação mútua (entre eles, entre mim e eles), de colocar os motores a aquecer antes de levantar voo. Regras e reflexões para que tudo seja possível. Detesto ralhar, quero gastar todos os minutos a ajudar, não tenho feitio de polícia, preciso da vossa ajuda, o desafio que tenho é igual aos dos problemas que vocês têm para resolver na Matemática... Entendido?

... vá lá não chores...
mas se o meu pai vê estes erros todos no teste...
... é entre ti e mim. Só me importa com o que vais fazer a partir daqui... e estou por perto a ajudar. Não quero essa atitude, não te quero aí parado a olhar para o que foi. Agora é só para a frente que vais...
Mais tarde já sorridente... percebi o problema, percebi por que me tinha dado mal... e a parceira (perdida em grupo de quatro rapazes): afinal o grupo até se deu bem e não funcionou nada mal...
Estás a ver? O que te disse eu quando te convenci a ires para lá? Valia a pena experimentar...
(Minutos antes havia estado ao meu colo... dei com ela chorando, inconsolável, porque nenhum grupo a havia escolhido... depois convenci-a a aceitar o impensável... primeiro o mimo, o consolo... a seguir o desafio duro. Aceitou experimentar. Correu bem.)

E é esta a teia que um professor gere em hora e meia (muito mais poderia contar mas o tempo não chega)... entre lágrima e sorriso, ralhete e chamada de atenção, consolo, encorajamento, festa no rosto, ajuda próxima, desafio aqui, resposta acolá, consoante o que o coração e a nossa experiência aconselham.
E ainda não os conheço bem. Mas é o que ando a tentar fazer nestes primeiros dias de trabalho... Nem só de conteúdos matemáticos respira a aula, mesmo enquanto se fazem os exercícios com os conteúdos lá dentro. Não deixo nunca de os olhar, de lhes sentir o pulso, de lhes tirar a febre em cada instante. Exijo muito, sim. Estico a corda, empurro os limites, não tenho pena de ninguém, chego até a ser dura (não se riam, que é verdade), mas não vou a lado nenhum nem olho para outro lado, quando estou ao lado deles a pedir. Não coloco quatro rodas na bicicleta, nem deixo de estar atenta. Porque a queda faz parte, a frustração também e só se cresce quando percebemos o alcance de cada gesto conquistado com esforço nosso, depois de algumas esfoladelas e arranhões.

O meu diagnóstico é todos os dias.
Os meus objectivos individuais são simples e não consigo traduzi-los em números.

(E por mais que tente calar-me, há dias em que me apetece mesmo muito conversar convosco... Agora, com licença... tenho de ir às imensas contas Scratch, criadas hoje no Clube, adicioná-los como meus amigos...)

2 comentários:

Marina disse...

E geralmente, em cada hora e meia temos uma teia diferente...
É isso que torna os nossos dias bonitos e complicados ao mesmo tempo.
Entendo! =)

Bjs

EMD disse...

Nós também apreciamos a conversa...:-)