segunda-feira, janeiro 29, 2007

Teia de retalhos


Eu não sei se é feitio, se é fado, se destino, se o quê.
Olho para trás e vejo tudo tecido aos retalhos, aparentemente sem sentido, como se fosse mesmo assim: mantinha daquelas que adoro e tenho sobre a cama, pedacinhos de restos de mil tecidos a viver juntos como se fossem família.
Não sei se é por estar frio hoje, se por estar sem tempo e me apetecer brincar com ele um bocadinho, se é por estar a preparar a comunicação para o encontro, no receio de não ter nada de importante para dizer, que olho para trás e tento finalmente fazer o balanço de contas, sempre devido em Janeiro e que ainda não fiz, por não saber como.
Olho para trás e tento perceber que teia é esta, que diz ela de mim. Que casa fiz para vos receber, como a arrumei, que chá e que bolos ofereço às 17, que frutas dou a provar no Verão, que broas de mel vos ensino no Natal. Que rosas vos dou a cheirar na Primavera, que bicho meu vos apresento, que tristeza partilho, que sorriso ofereço aqui e ali...
E digo vocês sem saber quem são, mas sabendo que são professores, alunos, pais, pessoas de todas as cores e feitios, que fazem coisas de todas as cores e feitios, os que aqui vêm fazer-me companhia num tempo de teia que nos habituámos a roubar à vida.

Foi sempre assim. Ainda pequenos, organizar os teatrinhos a apresentar aos pais, editar o jornal da casa (feito pelos 4 irmãos), pintar desenhar, ler escrever por todo o lado, correr atrás da mana Isabel tentando que aos 5 anos aprendesse o que andávamos nós a aprender na escola (oh Isabel, desculpa-me a mim e à Lena tão cerrada perseguição!), apanhar os bichos da rua e ter de desistir deles, ir ao campo observar a vida, aos museus saber do que foi e é... ao cinema, ouvir música, cantar muito, encher as infindáveis férias de Verão de jogos e alegrias, aprender a estudar nos muitos tempos livres que tínhamos (pobres meninos de agora sempre fechados na escola... teria sido profundamente infeliz neste tempo de hoje).

Persisto neste caminho de mil cores, sem dar por elas, até que olho para trás e penso nele.
E não penso bem nem mal do caminho.
Aceito que seja assim. Sem rumo certo. Apenas com certo rumo. Cheio de sentidos.
Partilho-os. Pela vida, por esta janela também.
Teia de retalhos tecida e cozida à mão. A minha mão. O elo.
O único elemento comum na intersecção dos dias.
Não sei ser diferente.

Educação, Vida, Escola, Professor, Aluno, Pessoa... são tudo palavras sem fronteiras que se navegam (ou deviam navegar) mutuamente, sem paredes. Procurando terra firme?
Não...
Procurando sonho firme.

8 comentários:

Anónimo disse...

Venho cá há pouco tempo, mas acho a casa muito confortável.
Bjs.

Teresa Martinho Marques disse...

:)
Obrigada....
Faz como se estivesses na tua casa...
Beijinho

Anónimo disse...

Vai mais um chazinho?!
Bjis

Anónimo disse...

E quem quer beber? :)

étoile disse...

Os meus parabéns pelo seu blog.
Passarei por aqui mais vezes.
Hoje já aprendi algumas coisas. Gostei muito.

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada luz!
Vamos caminhando...

Anónimo disse...

Oohps! Esqueci-me do nome: Armanda, pois! Tenho vindo aqui beber, todos os dias. Gostava imenso de trazer também umas bolachinhas, mas ainda ando a aprender a cozinhar na net. Mas, como diz a Marta, esta é mesmo uma casa confortável!

Como uso a versão Blogger Beta, não consigo efectuar aqui o meu login; tenho que escolher anónimo! Sou mesmo uma naba!:-)

Anónimo disse...

Pensei que talvez fosses tu... e não és naba Miga!!! Esse conceito não existe. Há fases do caminho... apenas isso... chegamos todos onde queremos chegar... só que, se houver uns que saem mais cedo, é natural que tenham percorrido mais metros. O que importa é a vontade de navegar! Beijiiiinhos e traz bolachas, sim...