terça-feira, agosto 07, 2007

Corpo de Vidro (my music III)


Quis recuperar as pistas gravadas há (bastante) tempo desta canção - Corpo de Vidro (a segunda canção composta de raíz, depois do Com Asas de Borboleta, que se encontra no Sabor e Saber)... mas, nada feito. Cometi erros de gravação na altura e um dos CDs de backup avariou... Nada a fazer para recuperar o trabalho. Sobram-me apenas as versões em wave e mp3 com as pistas já todas "mixed"...
A ideia era melhorar a qualidade do tratamento da canção original (pobrezita... foi das primeiras), mas pronto, o que não tem remédiao, remediado está. Só gravando tudo desde o início e isso será tarefa para um dia.

De qualquer forma, resolvi partilhar.
Não uma, mas duas versões. É que o Carlos Sequeira (meu ex-colega da Luísa Todi, professor de Educação Musical e guitarrista dos Piratas do Silêncio, com enorme sensibilidade e talento para o arranjo musical) resolveu, na altura, pegar no meu simples unplugged artesanal de viola e voz e fazer um arranjo diferente, ensaiando um ambiente distinto para a canção. Gravei depois em casa a voz sobre esse arranjo. São duas versões distintas do mesmo tema, e talvez não fossem as únicas possíveis.
O universo musical é cheio de possibilidades, permite experiências saborosas e assim chegam a nossas casas as versões definitivas das canções que nos encantam mais ou nos encantam menos. Uma questão de escolhas, misturas, opções. Como tudo na vida.

Aqui vos deixo estes dois pedaços de um caminho necessariamente incompleto, junto com o poema que me é especialmente caro.
Todos nós, em determinados momentos, nos tornamos um pouco mais transparentes, nos desvendamos, nos revelamos mas, sabemos bem, há um universo interior nosso, muito nosso, que permanece sempre invisível aos olhos do mundo (ou desejamos que permaneça). É esse universo mais privado e pessoal, são esses ocultos sonhos e desejos, esses pensamentos nunca partilhados que, em conjunto com todos os gestos e movimentos exteriores, fazem de nós as criaturas humanas e frágeis que somos, cheias de desequilíbrios, contradições, em busca de algo indefinível a que resolvemos chamar felicidade.

Pratos de balança buscando alinhar-se sem nunca o conseguir exactamente. Essa é a verdadeira felicidade: ter sempre uma meta a buscar, um tesouro a procurar, uma pergunta a fazer, uma dúvida a despontar...
Viver sempre satisfeito e insatisfeito.
(A melhor razão para continuarmos a caminhar.)

Versão original AQUI




Segunda versão com arranjo de Carlos Sequeira

... o player avariou :)

Corpo de Vidro

Em cada cor que pinto há sempre um medo
de revelar nos traços um segredo.
Em cada nota, em cada letra,
cada palavra apagada...
há janelas que se abrem
e não escondem quase nada.

Em cada gesto, em cada olhar, revelo
que cada estrada tem um sonho paralelo.
Em cada passo, em cada som,
em cada dor murmurada...
há janelas que se abrem
e já não escondem nada.

Corpo de vidro, com a alma à vista...
Contempla a paisagem antes que desista
e suba de novo esse muro,
me esconda p´ra sempre no escuro.

Por isso em cada canção de embalar
há sempre duas histórias p’ra contar.
Em cada linha, em cada pausa,
em cada coisa de nada...
há janelas que se abrem
e já não escondem nada.

Corpo de vidro, com a alma à vista...
Contempla a paisagem antes que desista
e suba de novo esse muro,
me esconda p´ra sempre no escuro.


.

5 comentários:

Miguel Krippahl disse...

Voto na versão unplugged :)

Anónimo disse...

Professora: escrevi um texto para o blog e está guardado como rascunho no turbeturma. Se quiser pode publicar. Madalena Espada.

Teresa Martinho Marques disse...

:)... obrigada pelo voto! E pela visita... Boas férias, se for caso disso.

Madalena... vou já ver! E publicar... claro.

matilde disse...

Limito-me a citar o que dizes... (acho que não é demais repeti-lo...eheh)

"É esse universo mais privado e pessoal, são esses ocultos sonhos e desejos, esses pensamentos nunca partilhados que, em conjunto com todos os gestos e movimentos exteriores, fazem de nós as criaturas humanas e frágeis que somos, cheias de desequilíbrios, contradições, em busca de algo indefinível a que resolvemos chamar felicidade."

Beijinhos. Boas férias. Com muitos momentos felizes. ;)

Anónimo disse...

Pois... muitos momentos felizes também para ti :)
Beijinhos