sábado, abril 21, 2007

Dia Mundial do Livro... na nossa Escola

Dia Mundial do Livro assinala-se segunda-feira, dia 23 de Abril

Na nossa escola vamos celebrá-lo com uma sessão muito especial sobre Sebastião da Gama
Meu caminho é por mim fora… orientada por João Reis Ribeiro
(Associação Cultural Sebastião da Gama)

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O título desta sessão parte de um verso de Sebastião da Gama incluído no poema “Itinerário”, constante na obra Serra Mãe (1945), que contém algo de regiano, o que não admira, pois Régio foi um dos poetas mais admirados pelo poeta de Azeitão.
É, pois, um caminho que esta sessão pretende calcorrear. É um itinerário pela vida, pela obra, pela escola de Sebastião da Gama, com múltiplos cruzamentos: a formação do Poeta, a prática pedagógica do professor, o fascínio do corpo da Arrábida, a obra publicada em vida e a obra póstuma, o que não está publicado, o convívio com outros Poetas. Haverá a oportunidade de contacto com imagens, algumas pouco divulgadas, e com textos, alguns inéditos e outros recentemente “descobertos”.
Nesta via andante, haverá também o encontro com a memória que do Poeta se foi construindo. E com os braços abertos à vida e à Poesia com que Sebastião da Gama brindou os amigos e o futuro.
Este percurso é apenas de iniciação, prenúncio de mais vasto trabalho. Este caminho é para ser feito com a obra do Poeta, que só se deixa descobrir pelos leitores que a ela acedem e a prolongam… É também uma viagem por um dos marcos da identidade cultural que nos constrói!


João Reis Ribeiro




Sebastião Artur Cardoso da Gama nasce em Vila Nogueira de Azeitão, a 10 de Abril de 1924, filho mais novo de uma doméstica e de um comerciante. Logo aos 14 anos é-lhe diagnosticada a tuberculose óssea que haveria de lhe custar a vida. A conselho do médico, muda-se com a mãe para a Serra da Arrábida, cenário de sonho que será o “primeiro amor” da sua poesia. Tal como Alexandre Herculano antes de si, o jovem Sebastião não se cansa de cantar a Serra: em Serra Mãe, Loas a Nossa Senhora da Arrábida e Cabo da Boa Esperança, os caminhos mais recônditos e as gentes da Serra são personagens principais.
Para além da Arrábida, é o mar que encanta o jovem Sebastião, a quem a doença e o isolamento parecem não retirar alegria, vivacidade e facilidade de relacionamento com as pessoas. Como com os pescadores e lavradores, a quem admirava o linguajar. Admiração que lhe valeu a repreensão do arguente quando, defendendo a tese de mestrado com que se formou em Filologia Românica, Sebastião da Gama utilizou termos próprios dos homens do mar e do campo, cuja companhia preferia à de doutores.
Terminados os estudos, Sebastião da Gama dá aulas na Escola Comercial e Industrial João Vaz, em Setúbal, durante um ano. Os alunos, apesar do curto período de convivência com o jovem professor, ficam profundamente marcados pela sua personalidade comunicativa, aberta ao diálogo e, claro, à poesia.Colocado em Lisboa, na Escola Veiga Beirão, inicia em Diário o relato a sua experiência pedagógica e os métodos, inovadores para a época, que utilizava no contacto com os alunos.
Começa a publicar em jornais (Gazeta do Sul) e revistas literárias (Brotéria, Távola Redonda), sob o pseudónimo Zé d´Anixa, alguns poemas. Aos 21 anos converte-se ao catolicismo, crença da qual só a morte o arrastará.
O início da década de 50 parece promissor para o poeta: em 1951 casa com a amiga de adolescência e vizinha Joana Luísa, na Capela da Arrábida, e nesse mesmo ano publica o quarto volume de poesia, Campo Aberto. No ano seguinte, no entanto, o seu estado de saúde, que sempre fora débil, agrava-se e Sebastião é internado em Lisboa. Sete meses após o casamento, e aos 27 anos de idade, o autor de Pequeno Poema morre vítima de uma meningite renal.
Joana Luísa empenha-se, após a morte do marido, na publicação dos seus inéditos. É assim que, postumamente, são lançados Pelo Sonho é que Vamos, Diário, O Segredo é Amar e Itinerário Paralelo.Em 1999, Vila Nogueira de Azeitão passou a acolher o museu onde se reúnem o espólio artístico e alguns objectos pessoais de um dos mais queridos filhos da terra.
http://www.icicom.up.pt/blog/muitaletra/arquivos/006518.html

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