segunda-feira, março 20, 2006

Think global, act local

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A propósito de "uma certa poluição" e dos efeitos de estufa de qualquer tipo e ainda a propósito do Dia do Pai (descubram porquê), fui ao baú das memórias e trouxe de lá estas palavras... porque é segunda... porque parece que é preciso fazer alguma coisa para que alguma coisa mude. Foi assim que me ensinaram.

"Como poderemos contribuir, individualmente, para a resolução de um problema complexo, a nível global - perante o qual nos sentimos impotentes- , se a nossa acção se faz sentir apenas a nível local?
Deixo-lhe uma pista que se afigura estimulante: uma das chaves desta questão reside na possibilidade que cada um de nós tem de pensar globalmente e actuar localmente! Aliás, este lema é válido para todos os “efeitos de estufa” que nos afectam, a qualquer nível, seja na nossa rua; na colectividade que frequentamos; na praia onde passamos férias; no município, na região ou no país a que pertencemos, enfim, no mundo que queremos mais apetecível. No fundo, a resolução dos problemas colectivos - que nunca são apenas dos “outros”... - passa pela maneira como os encaramos e por comportamentos individuais coerentes com a ideia que tivermos do que deve ser feito para os resolver. Nota -A primeira vez que li a expressão “Pensar globalmente, actuar localmente” (“Think global, act local”, no original) foi num cartaz afixado no Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, há cerca de três anos. Foi uma revelação: ali estava uma explicitação eficaz do que dá sentido à acção individual."


Eduardo Martinho
Pensar globalmente, actuar localmente
O Mirante / Memorial, nº 145, 25.Abril.1995

3 comentários:

IC disse...

Só tenho uma questão, aliás sempre pensei isto: a acção individual tem muito pouca eficácia, embora o exemplo de cada um não seja inútil.
Dois exemplos:
1. Na nossa rua... Pois eu não deito lixo para o chão e até a minha neta faz observações ao lixo no chão. Mas, por cada pessoa que não deita, 10 deitam e um indivíduo não chegaria a lado nenhum se se pusesse a apanhar o lixo dos outros 10. A educação tem que ser um acto colectivo, sem tal não se modifica a (des)educação de um povo.
2.Um só senhor no mundo veta a tentativa de acordo para que os países diminuam a emissão de gás carbónico para a atmosfera e isso coloca problemas a que o façam os outros países - já nenhum país consegue fazer nada sozinho.

Bem, lá começo eu a comentar para dizer tolices, além de ser um atrevimento. Mas, sinceramente, a minha cabeça não dá para perceber que a acção individual (de pessoa, ou de local, como um país)consiga ter eficácia, mesmo um país já não é independente, nesta época da globalização, para actuar eficazmente no seu interior.

(Se me fizerem ver que tenho uma visão distorcida, simplista ou qualquer coisa assim só agradeço, estou a ser sincera)

Teresa Martinho Marques disse...

Percebo o teu "desconsolo" relativamente à ineficácia de alguns gestos nossos muito locais (individuais, ou mesmo "de país", quando tal é possível). Esta entrada, que naturalmente tem aplicação vasta, foi colocada neste espaço a pensar sobretudo na questão educativa, na poluição que resulta da demissão colectiva de agir sobre a formação dos jovens, apesar das adversidades que contrariam os desejos de fazer melhor... da família... da escola... De resto, sentimos muito por aqui aquilo que dizes em relação às questões que levantas... na certeza porém que antes fazer algo, mesmo que pouco (nada) eficaz, do que não fazer mesmo nada e nos deixarmos absorver pela multidão de erros que nos rodeiam (é óbvio que também reconheço isso nas tuas palavras, o que não invalida o ponto de vista de que, mesmo assim, é pouco). É realmente uma questão complexa, e a tua visão não tem nada de destorcido ou simplista. É a constatação de factos inegáveis. Só podemos, realmente, agir na esfera de alcance que é possível, mudar o que é possível mudar dormindo com a consciência de que damos o melhor... mas... chegará? Pergunta difícil esta... Porque a resposta não é aquela com que sonhamos...

IC disse...

Dr. EdMartinho, a Teresa sabe que ando à procura de uma ponta nos "meus novelos emaranhados" para (re)começar a pensar, a seguir um fio, devagarinho, a direito, e o seu comentário a lembrar-me que "Se não fazes parte da solução, fazes parte do problema" vem (ai)pôr o fio às voltas :)