quinta-feira, março 02, 2006

Passeios que desaguaram em reflexões...


Em "passeios" de Carnaval... acabei por encontrar este universo:

http://www.tiago.pt.to/ (Professor de EVT)

http://www.geocities.com/tiagotiagotiago/geometria/cgeometricas.html (Do mesmo Professor, uma actividade de Construção Geométrica que me parece excelente... e há mais a descobrir na sua página pessoal).

Dei comigo a pensar na questão da produção de conteúdos (para a Internet ou outro destino) e na componente individual de trabalho do professor...
Parte-se do princípio que o professor, vigilante e guardião do saber (e agora também entretenimento forçado) na escola, na sua casa só pode ter tempo (com dificuldade em muitos casos) para ver testes e preparar aulas?
E o seu projecto de auto-formação? A participação como cidadão na discussão da coisa educativa e na procura de soluções e melhores caminhos? O desenvolvimento de competências nas TIC e em outras áreas específicas e gerais fundamentais para o seu ofício? A produção de materiais a longo prazo para apoiar os alunos na escola, ou através da Internet, contribuindo para aumentar e qualificar o acervo disponível na nossa língua? A necessidade de escrita, de publicação de ideias ou de livros? A necessidade da leitura (de se actualizar) de livros da especialidade (que se habituou a comprar do seu bolso) ou tão só a leitura "recreativa" para se cultivar, manter o contacto com a cultura, a produção literária e poder partilhar esse prazer com os alunos? Nada disto conta (embora previsto no ECD, até ver)? Como diferenciar esta componente individual, que deveria ser tão necessária aos profissionais "da cultura" (que também somos?), em função dos projectos pessoais/formativos/de produção de cada professor? Se não for encontrada uma forma de a salvaguardar e valorizar, poderá vir a comprometer-se esta vertente do trabalho do docente, que (também) tem um lugar importante (fundamental?) na "educação" fora dos portões da escola e, com o comprometimento dela, matar pela raíz um futuro de maior excelência...
Provavelmente estou aqui a dizer que, tal como na universidade, um possível aumento da componente individual deveria corresponder à exigência de apresentação de um trabalho relevante de construção de saber útil à comunidade, em que o docente se insere pela natureza do seu ofício, do qual pudesse fazer prova. Estarei a delirar, ou é realmente importante criar a possibilidade prática da execução desta tarefa, a que não chamarei paralela mas gémea das suas funções, direitos e deveres, com uma distribuição mais racional da componente lectiva nesses casos? (Não falo, naturalmente de generalizações abusivas). Confesso que, depois de ver colegas "a lutar com mestrados infinitos", com custos exagerados de ausência na escola (e prejuízo de alunos), nunca consegui encontrar a motivação, o tempo ou a disposição para tal... até porque, mesmo concordando com a necessidade de reflexão mais teórica numa fase inicial de contextualização, defendo projectos de auto-formação que se concluam com contornos e contributos mais directos para a melhoria e eficácia do trabalho de fazer os alunos aprender. É o que tenho tentado fazer ao longo da vida e que não me confere qualquer grau académico (a propósito, a recompensa até foi uma congelação súbita, a menos de um mês da transição para o 9º escalão com todo o processo já concluído. Ironias...).
Pena que se fale tanto em Escola a Tempo Inteiro e tão pouco na necessidade de mais envolvimento de todos os sectores da sociedade na educação do país, (não)envolvimento esse tão directamente relacionado com o estado de (não)desenvolvimento do próprio...
Retirar tempo de formação e enriquecimento aos professores que o aproveitam a bem da própria escola e dos recursos educativos em geral (do crescimento intelectual do país?), é condenar todos a um futuro de estagnação sem a criatividade que faz o mundo dar passos nos bons caminhos. É que não é o número de horas de presença na escola que fala do melhor ou menos bom trabalho de um professor. Não se trabalha mais e com maior qualidade por se ser obrigado a estar mais tempo dentro na zona educativa que tem como fronteira as vedações, que tantas vezes a isolam da vida. Em contrapartida, todos aqueles que sempre animaram com horas muito suas o trabalho educativo dentro e fora dos portões da escola podem, aos poucos, achar que já não conseguem encontrar nem esses tempos, nem a energia para os extras que suportam as cores em movimento do melhor que se tem feito. Valerá a pena correr esse risco?
País que não se enriquece... envelhece?
Bem... comecei eu a falar de "passeios" e olhem onde isto me levou...
Voltando atrás:
não deixem de se enriquecer com esta experiência
(e partilhá-la com alunos):

Deixo-vos aqui também o espacinho 'net em que tenho estado a a trabalhar (solitariamente, num desafio de auto-formação pessoal que gosto de me ir fazendo) para os passados, presentes, futuros, meus e de todos, meninos de quaisquer tamanhos, (até dos vossos, oh seus meninos crescidos com a cabeça cheia de sonhos!). Quem o viu há um dia ou dois, na sua versão inicial, não o vai reconhecer... depois do colega HerrMac, (muito)especialista nestas coisas, ter franzido imenso o sobrolho (quase partia a sobrancelha) à minha primeira tentativa. Procurei redimir-me ontem. Não é o sonho imaginado, mas é o que o tempo bem esticado me permitiu conseguir aproveitando a interrupção festiva e toda a formação ( sobretudo informal e partilhada) que me chegou pelas mãos do referido colega/amigo, desde os tempos do Nónio... Chamei-lhe Sabor e Saber. E como me disse José Matias Alves do CRIAP ASA (um colega nosso), com quem troquei algumas palavras via "mail", a propósito de outro assunto, não é nova esta associação de palavras (e de conceitos) e data de longe o tempo em que ele (José) tem vindo a reflectir/escrever sobre ela. Deixo aqui parte das suas palavras:

(...)"Por exemplo, que saber vem do latim scire (saber) e sapere (sabor). Que sem sabor não há saber."(...)

Sem Sabor não há Saber... pois.

Agora é preciso tempo (da componente individual) para o ir enriquecendo regularmente com conteúdos... pois.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho que me redimir da minha ausência da blogosfera, ausência não a cem por cento, mas pelo menos a noventa e cinco. É que deixei agora um comentário "amuado" no blog do Miguel Pinto e... afinal já tinhas divulgado essa página... Parabéns, a começar pelo "visual", que está um encanto.
Beijinhos.